Quando fora dormir naquela noite, uma questão martelava em sua cabeça insistentemente.
Apesar de Levi tê-lo ensinado uma lição, as palavras daquele cadete te assombraram exaustivamente nas horas que se seguiram. O garoto te fazia ponderar que talvez pudesse realmente estar se aproveitando do capitão. Não de forma sexual, como ele havia sugerido – estava provocando-o, mas não queria ganhar nada com isso. A verdade é que seu objetivo ao ir trabalhar no QG não era unicamente porque queria ajudar a Tropa de Exploração. Havia uma gama de questões envolvidas. Sem querer, podia ter se aproximado do capitão porque fazia se sentir mais importante. Consequentemente, mais próxima de recuperar a honra perdida.
Pressionou os olhos com as palmas das mãos. Tudo estava se misturando em sua cabeça. Não sabia mais o que queria, o que buscava, o que pretendia fazer. O sentimento predominante era a culpa. Essa era a única certeza que você tinha consigo no momento.
Esse tópico te perseguiu, tal qual uma coceira chata no topo da cabeça, até o dia seguinte. Por conta de toda a ansiedade acumulada, decidiu ir uma hora mais cedo para o QG, adiantar o máximo que podia da organização dos relatórios pendentes. Amanheceu chovendo, nenhum vestígio de azul no céu. Torceu para que aquele fosse um dia bastante atarefado, para não se concentrar tanto nessas questões que te assolavam.
Os corredores estavam completamente vazios e silenciosos. Quando abriu as portas da sala de Levi, se deparou com o capitão deitado sobre o sofá.
Ele estava dormindo serenamente, com o uniforme da tropa, coberto pela capa verde. Você deteve qualquer movimento para pensar o que seria o melhor a se fazer. Deveria ficar quieta e seguir com seu trabalho, deixando-o dormir? Acordá-lo e dizer para ir descansar em sua casa e aparecer no trabalho apenas depois do almoço, já que não havia tantos compromissos para o dia? Enquanto fazia essas perguntas para si mesma, fechou a passagem em suas costas bem devagar e se assustou quando Levi disse:
– Chegou cedo, sombra.
Você se vira para ele. Havia se apoiado em um dos braços para te olhar. Os cabelos estavam embaraçados e os olhos espremidos. Talvez nunca tivesse tido essa impressão sobre o capitão, mas se pegou pensando que ele estava fofo daquele jeito.
– Eu que deveria dizer isso. – Você dá alguns passos para se posicionar mais próxima dele. – Por que está dormindo no escritório?
Levi boceja, esfregando os olhos. Entendia porquê os outros o achavam intimidador na maior parte do tempo, mas não pôde deixar de notar o quão indefeso e vulnerável ele aparentava estar.
– Nada demais. – Ele responde. – Em algumas noites não tenho vontade de voltar para casa, então acabo ficando por aqui mesmo.
– Se sente... menos sozinho e talvez mais seguro? – Você se senta na ponta do sofá, evitando atrapalhar o espaço em que ele estava deitado.
– Eu presumo que deve ter chegado mais cedo pelo mesmo motivo. – Ele passa uma das mãos sobre o cabelo, deixando-o com um aspecto menos bagunçado quase imediatamente.
Você abaixa os olhos e apenas assente. Ficam em silêncio por alguns segundos, as gotas da chuva fraca do lado de fora batendo sobre a janela. Levi se ajeita um pouco e bate no espaço ao seu lado.
– Por que não se deita aqui um pouco?
Vira a cabeça com rapidez, o fitando como se tivesse sugerido a coisa mais absurda do mundo. Ao ver que você pareceu contrariada à ideia, não esperou que respondesse, apenas completou:
– Está muito adiantada mesmo. Ninguém vai aparecer pela próxima hora. Imagino que deva estar cansada. Venha. – Ele abriu um sorriso travesso. – Eu não mordo.
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The Game (Levi Ackerman X Leitora)
FanfictionDentro das muralhas, numa tentativa de recuperar a honra de um passado tenebroso, você envia uma carta para a Divisão de Reconhecimento oferecendo seus serviços como secretária de assuntos internos. Seu objetivo de auxiliar a Tropa de Exploração se...