O Mau Humor

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– Ei. – Armin chama sua atenção. – Você está bem?

Você deita a cabeça no ombro do amigo, fechando os olhos e deixando que os pensamentos desapareçam por alguns segundos. Dentro do refeitório, no horário de almoço, não conseguia apenas comer em silêncio sem deixar que as emoções escapassem e estivessem completamente expostas em seu rosto, acenando para quem quisesse vê-las. Pela pergunta de Armin, você percebe que suas tentativas de esconder o desconforto foram em vão.

– O capitão tem estado muito mau humorado nos últimos dias. – Você começa a desabafar, falando baixo o suficiente para que ninguém além de Armin ouvisse. – Eu não sei com o quê. Essa dúvida está me matando.

O amigo pousa uma das mãos em cima de sua cabeça, te mantendo deitada sobre seu ombro e afagando seu cabelo carinhosamente.

– Já pensou em perguntar para ele?

– Eu tentei. Ele fica desviando. 

– Pense no que possa tê-lo irritado.

Você começa a recapitular o que acontecera na última semana que se passara.

Segunda-feira fora o dia em que participaria de sua primeira missão desde que se juntara à Tropa de Exploração. Nos dias que se antecederam e momentos antes da missão, você estava incrivelmente tranquila. Diferente do teste que havia realizado antes, em que teria que enfrentar titãs sozinha em um curto período de tempo, agora tudo que precisaria fazer era se manter dentro da formação de reconhecimento de longa distância, focando em evitar confronto com os gigantes. O Comandante Erwin ia logo à frente, e sua posição era com os soldados de reconhecimento nos arredores, protegendo o vagão de suprimentos no centro. Não estar sozinha dessa vez a manteve bastante tranquila. O objetivo consistia em emboscar titãs e capturá-los vivos para pesquisa, comandadas pela Tenente Hange. 

A missão havia sido um sucesso. Você conseguiu abater dois titãs que ameaçaram comprometer a formação com facilidade, logo depois seguindo para o plano de captura, dentro de uma floresta onde os esquadrões seguiam na vantagem, e atraindo-os para a armadilha. Quando voltaram para dentro das muralhas, um titã de porte pequeno havia sido capturado e milagrosamente não houveram baixas.

Fora motivo para muita comemoração. Dentro do bar, com as divisões de reconhecimento e das guarnições reunidas, você estava se permitindo esfriar a cabeça. Bebia e sorria a cada mínima oportunidade, compartilhando a alegria com os amigos. Avistara Levi em um determinado momento. Foi esse o primeiro contato que tivera com o mau humor eminente do capitão, que não sabia que iria ter que aturar durante dias. 

– Fizemos um belo trabalho hoje, não é, capitão? – Você ergueu a caneca de cerveja em direção ao rosto dele, oferecendo-lhe um gole. Levi a afastou com uma das mãos e te encarou com o olhar frio.

– Apenas seguimos o protocolo.

– Nem sempre o protocolo garante tanto sucesso. – Suas mãos deixam a caneca sobre uma mesa próxima e se aproxima de Levi, segurando a barra de sua camisa. – É um bom motivo para comemorarmos.

Levi não responde. Apenas vira o rosto, o olhar amortecido sem focar em nenhum ponto específico. Você observa seu perfil, conseguindo notar sua mandíbula tencionada, depois se distraindo com o cabelo raspado próximo da nuca. Sentiu vontade de mordê-lo carinhosamente. Ao invés disso, apenas puxou a barra de sua camisa para trazê-lo mais perto.

– Não quer continuar a comemoração a sós em sua casa mais tarde?

Levi apenas se volta a você para puxar a barra de volta e se afastar alguns passos.

The Game (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora