The Game (Levi Ackerman X Leitora)

A Cerimônia

A cerimônia de alistamento naquela tarde não durou mais de meia hora.

Achou que os únicos presentes seriam os membros do 104º esquadrão e os superiores, mas pelo pequeno evento estar sendo realizado no jardim central do QG, muitos outros recrutas, cadetes e capitães de outros esquadrões começaram a aparecer para observar sua passagem de assistente para soldada. Ficar de pé diante de toda aquela gente lhe gerou sentimentos dentro do esperado: ficou bastante nervosa, porém manteve-se firme e se esforçou para que um semblante confiante predominasse sua expressão. Você estava acima de um pequeno palco improvisado ao lado do Comandante Erwin e do Marechal Dallis Zachey, que passaram a maior parte do tempo elaborando discursos inspiradores e formalidades.

– Agora, – O comandante concluiu ao final de seu discurso, logo em seguida se voltando a você. – Vamos ouvir algumas palavras de nossa mais nova soldada do 104º esquadrão.

Você, surpreendida, engoliu seco e correu os olhos sem perceber para a pequena aglomeração que se formava adiante. Sentiu a respiração ficar mais densa. Não esperava ter que fazer qualquer discurso, ainda mais depois das belas e bem articuladas palavras do comandante e do marechal. Quando estava prestes a falar, viu algo que a interrompeu imediatamente.

Três pessoas estavam chegando juntas da entrada do jardim. O Capitão Levi estava acompanhando sua tia e seu irmãozinho, Thomas. Quando notaram que estava olhando para sua direção, sua tia e seu irmão abriram largos sorrisos, acenando animados. O capitão apenas deu um leve sorriso de canto, com as mãos dentro dos bolsos e trazendo sua família para mais perto. 

Sentiu um calor aconchegante te envolver, expandindo do peito para o restante do corpo. Não sabia que precisava disso, mas a felicidade de vê-los ali a fez, depois de muito tempo, ter certeza de que estava no caminho certo. 

– Pela segunda vez estou passando por essa cerimônia, – Você ergueu a voz, que saiu de sua boca com determinação. – e pela segunda vez estou sendo presenteada com a chance de servir à humanidade. Se me imaginasse assim, neste momento, há pouco mais de cinco anos atrás, iria dizer que não sou merecedora. Fui minha pior inimiga e minha maior prisioneira, condenada a seguir presa a um erro que custou a vida de alguém que amava muito. – Você olhou para o céu nublado acima rapidamente, e então se voltou para sua tia, que estava com os olhos marejados. – Não irei desperdiçar a chance de me redimir não somente com meu falecido primo, Kian, mas também com todo o dever que deixei pra trás, pois na época não era forte o bastante. Hoje sinto que recuperei essa força e que com ela posso enfrentar qualquer coisa. Agradeço ao Comandante Erwin Smith, à Tenente Hange Zoe, ao 104º esquadrão... – Seus olhos automaticamente encontram os de Levi na plateia. – E ao Capitão Levi Ackerman, por acreditarem em meu potencial. Provarei a todos que essa nova oportunidade que me foi presenteada não será em vão. Irei doar meu coração.

Você termina o discurso com o punho direito colocado sobre o peito, e em resposta recebe uma breve salva de palmas dos presentes. Sorri, satisfeita, e quando se vira para o Comandante Erwin para receber a capa com as asas da liberdade, enxerga em seu rosto a mesma expressão orgulhosa que viu pela primeira vez ao pisar no QG.

(. . .)

– Ei, você não vai vir?

Você olha por cima dos ombros e avista Armin parado na porta do bar, os braços por trás do corpo e o semblante animado. 

Já estava na varanda do bar faziam mais de quinze minutos, olhando para o céu que relampeava e periodicamente te regalava com raios distantes, por mais que nenhuma gota de chuva estivesse de fato caindo. Apoiada sobre o batente de madeira, estava completamente perdida em pensamentos e refletindo tudo que a havia acontecido nos últimos meses. A rotina corrida não lhe dava oportunidades como essa, de efetivamente olhar em volta e traçar o rumo que percorreu de onde estava e para onde veio parar. Parando para pensar nisso, se sentia entorpecida, com dificuldade de acreditar de que tudo não se passava de um sonho.