The Game (Levi Ackerman X Leitora)

O Fim (e o Começo)

Você acorda naquela manhã com o som dos galos cantando em um coro estridente. Não abre os olhos, apenas resmunga baixo e se espreguiça, sentindo os lençóis amaciando suas pernas nuas. Não estava acostumada a escutar tais sons onde morava, o que te fez perceber que, por um instante, havia esquecido que dormira na casa do capitão na noite anterior. Lembrar-se desse detalhe trouxe um gosto meio amargo em sua boca e fez seu coração pular. O sono desaparecera quase instantaneamente.

Após aproveitar a noite do festival no distrito de Stohess com seus amigos, quando todos os comerciantes partiram em retirada e o grande amontoado de gente se dissipou, vagou pelas ruas vazias junto ao seu grupo, pensando que, provavelmente, aquela fora a primeira vez que se divertia verdadeiramente em um bom tempo. Teria que se esforçar muito para que qualquer resquício de preocupação cruzasse sua mente. E mesmo se chegasse a acontecer, era só olhar para os rostos brilhantes e animados de todos ao seu lado que tudo seria soprado para bem longe.

O momento mais triste foi quando todos começaram a manifestar um eminente cansaço e precisaram voltar para suas respectivas casas, para aproveitarem o final de semana. Sabia que depois daquele dia, retornar à rotina normal de soldada seria bastante difícil de engolir. Se recordou de que quando seus companheiros de esquadrão se despediram e seguiram andando em direção à seus cavalos, o capitão se voltou para você, perguntando se gostaria de passar a noite em sua casa naquela noite.

Devia estar acostumada com tais pensamentos depois de tantas situações propícias proporcionadas pelo capitão, mas ainda se pegava nervosamente apertando os dedos das mãos ao receber essa proposta. Acabou aceitando após pensar por um tempo.

A viagem de volta para a casa de Levi te deixou com bastante sono. Encostou o rosto em uma das mãos e acabou se desligando em alguns momentos, apenas sendo acordada no susto com os trancos da carruagem por conta pelos caminhos não pavimentados ao saírem da muralha Sina. Se pegou pensando que provavelmente poderia acabar decepcionando o capitão por não ter a energia que ele gostaria que tivesse ao chegarem em seus aposentos.

Adentrando o ambiente que já lhe era familiar, Levi retirou os sapatos, desabotoou os primeiros botões da camisa e posicionou o cachorrinho de pelúcia que ganhara em cima da mesa na cozinha. Ele acendeu algumas velas e, enquanto você repetia a cerimônia de colocar os sapatos próximos da entrada, ele começou a dizer:

– Pode pegar aquela mesma camisa da última vez no armário. Vou usar o banheiro, fique a vontade.

Você então o obedeceu, abrindo o guarda-roupa e se deparando com cabides extremamente bem organizados, os tecidos separados por cor e milimétricamente bem espaçados. Não resistiu ao impulso de bisbilhotar nem que fosse somente a primeira gaveta, e não ficou surpresa ao notar que as vestes estavam meticulosamente dobradas. Por algum motivo, saber que Levi era tão metódico fez seu rosto arder. Apesar de saber que sua mania por limpeza e organização se tratava de uma compulsão, se pegou pensando que, de certa forma, era um traço de personalidade que podia ser bastante fofo.

Enquanto Levi ainda usava o banheiro, começou a tirar as roupas ali mesmo na cozinha, colocando-as sobre uma das cadeiras e revirando a camisa grande de Levi em mãos, procurando onde estava a entrada para os braços. Deu um pulo ao notar, apenas depois de um tempo, que o capitão já estava de volta ao cômodo, te observando.

Você rapidamente tentou disfarçar o susto, passando a camisa pela cabeça e vestindo-a. Finalmente, quando se encontrava apresentável, teve coragem de olhar para Levi. Ao contrário do que havia imaginado, ele não a encarava com malícia ou desejo. Era um olhar sereno, como se estivesse assistindo alguma coisa que causasse um efeito relaxante nele, como a chuva caindo sobre a grama.