O Jantar

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Um som distante cortou o silêncio agradável e sereno. Havia movimentação em seus arredores, por mais que não visse nada além da escuridão, e os sentidos se recobravam pouco a pouco, ao tempo em que ouvia seu nome sendo chamado vez após a outra.

Você é liberta da tentação do sono ao sentir um empurrão nos ombros. Se levanta de súbito, ainda atordoada, olhando em volta.

– Finalmente.

Você pisca algumas vezes, se acostumando com a luz. Uma dor em sua cabeça latejava, como se estivesse pressionando uma barra de ferro na testa; você geme desconfortavelmente. Quando as imagens finalmente parecem fazer sentido em sua cabeça, os rostos de Mikasa e Christa vão surgindo através da visão embaçada.

– Não precisava ter sido tão bruta. – Christa repreende Mikasa, referindo-se ao empurrão que levara anteriormente.

– Se não a acordássemos logo o capitão ficaria irritado.

Você leva a mão à cabeça, esfregando a região dolorida. A audição parece acordar junto com seu corpo, e vozes familiares vindas do corredor logo a frente te alarmam. Olha em volta, percebendo que estava na parte de baixo de uma beliche de um dos quartos do dormitório masculino.

– Meu deus. – Você se coloca de pé num pulo, o corpo vacilou para o lado. – Não acredito que dormi aqui... Que horas são? O que aconteceu? Eu...

– Ei, se acalma. – Christa te obriga a sentar sobre a cama, pressionando seus ombros para baixo com delicadeza. – Nós todos dormimos aqui. Inclusive o capitão. – As bochechas de Christa ruborizaram e ela desviou o olhar ao dizer: – Também não me lembro direito do que aconteceu...

– Eu estava um pouco sóbria. – Mikasa se interveio, se agachando para ficar na altura de seus olhos. – Do que não se lembra? 

Você segura com as duas mãos a borda do colchão, a cabeça parecia girar. Ouvia a voz de Connie gritando no quarto ao lado. Tentou se forçar a recordar o que havia acontecido, mesmo que tudo parecesse um borrão.

– Eu só me lembro de ter me juntado a vocês depois de sair do quarto com Levi. – A frase pareceu estranha ao sair de sua boca, então rapidamente se corrige: – D-depois de termos conversado, quando o obriguei a vir com Yimir para dentro. Então começamos todos a jogar algo que envolvia bebida. Lembro de ter bebido as duas primeiras garrafas tranquilamente, mas depois as coisas vão ficando meio turvas.

– É, todos ficaram muito bêbados mesmo. – Mikasa ajeitou o cachecol sobre o pescoço, um risinho entortou seus lábios levemente. – Eu, Annie e o capitão fomos os únicos que não desmaiamos completamente. Arrastamos vocês para dentro e todos dormimos aqui mesmo.

– Ah. – Você coloca as mãos sobre o colo, se sentindo mais relaxada. – Isso explica a dor de cabeça. – Faz uma pausa, antes de questionar Mikasa. – O capitão por acaso... Tá bravo com tudo isso?

Mikasa parece erguer os olhos para a janela atrás de sua cama. Você segue o olhar dela para ver, por trás das cortinas grossas, a silhueta disforme do capitão parado, de costas, virado para a paisagem à frente do dormitório. A capa verde voava com o vento que batia forte contra seu corpo.

– Na verdade, ele parece estranhamente tranquilo. – Ela responde. – Quando estávamos colocando vocês de volta para o quarto, ele comentou que havia se divertido. Acho que não estamos encrencados pela festa em si.

A conversa que teve com Levi na noite anterior ressoa em sua mente. Se recorda da expressão dele ao ouvir você dizendo que devia aproveitar os momentos com o pessoal enquanto ainda estão aqui. Talvez tenha feito ele enxergar a partir de outra perspectiva. 

The Game (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora