A Divisão de Reconhecimento

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Escuridão. Era tudo ao seu redor.

Sentada no chão frio, engolida pelo imenso nada, as palavras não saíam. O desespero fazia seus gritos e súplicas morrerem dentro da garganta; a cabeça chiava com um apito ensurdecedor. Você olha para baixo, a procura de suas mãos, que estavam embabadas de sangue. Seus pulmões pareceram cuspir todo o ar que lhe restava para fora como se fosse tóxico.

E então você enxerga através da interminável penumbra densa e fria – mas talvez fosse melhor não tê-lo feito: um corpo estirado no chão, dividido ao meio. As vísceras escorriam para fora, cada vez mais rápido, se espalhando por toda a parte, até que cobrisse cada mínimo espaço abaixo de você. O chão todo estava coberto de sangue e restos humanos. Sua cabeça prestes a explodir.

E quando estava prestes a gritar com toda sua força, tudo clareou.

 Você acorda engasgando. Demorou alguns segundos para saber onde estava, o sol batendo forte em seu rosto lhe deixou atordoada. Cobriu a frente dos olhos com o braço, se acostumando com o ambiente. Viu seu irmão dormindo calmamente ao seu lado, então expirou pela boca, aliviada.

Levantou-se do colchão, esticando as costas. Torceu para que o pesadelo horrível tivesse ao menos lhe acordado no horário certo. Olhou para o relógio em cima da mesa, marcava seis e meia. Estava adiantada.

Você partiu para o banheiro, erguendo o rosto para o espelho na parede. Sua aparência não estava ruim naquela manhã, a não ser pelas olheiras. Era a quarta noite seguida que passava em claro por ter sonhado com aquilo. Com sorte, essa onda de terror noturno que a perseguia acabaria hoje. Abriu a torneira, espirrando água fria no rosto, quando ouviu a porta da frente se abrir. Retornou para o outro cômodo.

– Levantou cedo. – Você diz, a voz sai rouca e falha.

Sua tia sorri, colocando a sacola com verduras frescas sobre a mesa.

– A feira vai estar muito cheia mais tarde. O Sr. Kennan se sente mais à vontade para me dar descontos quando não há muita gente por perto.

– Não se preocupe. – Você se aproxima, ajudando a guardar as compras no armário. – Não vai mais precisar levantar tão cedo para pechinchar. 

– É melhor você ir. – Tia disse, passando a mão delicadamente em seu braço. – Não vá se atrasar no primeiro dia.

Você assente com a cabeça, se dirigindo para a porta da frente. Antes de sair, dá uma última olhada no irmão, dormindo serenamente do outro lado do quarto. E então se volta novamente para a tia.

– Eu vou te recompensar por tudo. Eu prometo.


(. . .)


Sentada no banco de madeira, encarando a parede à frente, tentava com dificuldade controlar a ansiedade subindo em sua garganta.

A corrente de soldados com o uniforme da Tropa de Exploração seguindo pelos corredores em diferentes direções passava diante de você como um borrão. Rostos desconhecidos e distraídos cruzavam o ambiente, os murmúrios preenchiam o espaço todo. Não havia muito para se ver ali. Apenas alguns bancos espalhados nos espaços vazios entre as portas. Justo quando você precisava urgentemente de alguma distração para se acalmar.

Uma sombra para ao seu lado. Quando você olha para cima, vê um homem loiro e robusto te fitando. Embaixo de sua capa verde escura, lá está o brasão da Tropa de Exploração bordado no casaco marrom. Você levanta num pulo, alinhando a postura. Já sabe imediatamente que é ele.

The Game (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora