O Festival

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Ao levantar de sua beliche naquela manhã de sexta-feira, dentro do dormitório feminino, não conseguia resistir ao impulso de acompanhar o saco de moedas que Erwin lhe dera repousando sobre sua mesa de canto com o olhar enquanto se arrumava para mais um dia no QG. Algo magnético parecia estar repousando entre as moedas, te forçando a manter a atenção constante no objeto.

Desde o pedido do comandante, estivera ponderando se realmente devia convidar Levi para acompanhá-la no festival que aconteceria no distrito de Stohess. Considerando tudo que o capitão havia feito, mesmo com suas tentativas de animá-lo a todo custo, não sentia a mínima vontade. Queria mesmo entregar as moedas para que sua tia fizesse as compras da semana, por mais que, após ter se tornado soldada, você passasse a maior parte do tempo nas instalações da Divisão de Reconhecimento. 

Ainda com os olhos focados no saco de moedas, você se lembrava do olhar desdenhoso e frio que Levi a direcionara nos últimos dias. Parecia o mesmo olhar que ele mantinha quando vocês se conheceram, distante e fechado.

– O que você tem? – Sasha pergunta na parte de baixo da beliche que dividem, se levantando ainda com o pijama e andando em sua direção. – Não para de olhar pra esse saquinho. Tá escondendo alguma coisa nele?

– Não tem nada de comer ali, Sasha. – Você rapidamente a repreende.

– Não era isso que eu tava pensando de qualquer forma. – Ela desvia os olhos de forma suspeita, mas então volta a atenção para você. – Ainda assim, você parece incomodada com algo.

Você deixa escapar um suspiro cansado, soltando os ombros.

– O capitão tem agido estranho. Mais mau humorado que o normal.

– Isso é possível? – Sasha te interrompe, arregalando os olhos.

– Por incrível que pareça, sim. – Você passa a camisa por cima dos braços e começa a abotoá-la. – Mesmo insistindo em ajudá-lo, ele continua se fechando. Chegou num ponto que não sei muito o que fazer.

Sasha fez uma pausa para pensar. Ela amarrou os cabelos castanhos em um rabo de cavalo, alguns fios escapando e caindo próximos ao rosto, e então disse:

– Às vezes tudo que ele precisa é de um tempo pra assimilar algumas coisas. É legal de sua parte querer estar ali pra ele, e acho que sua presença já seria mais do que suficiente. Tentar arrancar a verdade dele a força pode ser mais um agravante para que ele se afaste. Se eu fosse você, iria respeitar o espaço do capitão até que ele estivesse confortável para dizer o que sente.

Você pisca diversas vezes, incrédula, enquanto encarava a amiga.

– Uau. Você me surpreendeu.

– O que foi? Acha que não entendo nada de interações sociais? – Sasha se senta sobre a cama, calçando seu par de botas. – Posso ser uma caipira mas já tive que lidar com coisas parecidas antes na família.

– Eu entendo tudo que você diz... – Você se aproxima e se senta ao lado dela, também colocando os pés dentro do calçado. – Mas já faz uma semana. Fiquei todos esses dias sem mal trocar qualquer palavra com ele. 

– O tempo que você quer que ele melhore não necessariamente vai ser o tempo que ele precisa. Tem que ser paciente. Pode demonstrar estar presente e acredito que ele vai se soltar quando sentir que precisa de sua ajuda. Confia em mim.

Sasha sorri e então se levanta, andando até a porta e desaparecendo pelo corredor. Você observa as próprias mãos pousadas sobre o colo, processando tudo que a amiga dissera, e então se vira para olhar o saco de moedas novamente.

The Game (Levi Ackerman X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora