Capítulo 7 - O ponto de partida partido ao meio

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No hospital meu corpo tremia e pulava, minha visão estava embaçada e lenta, meu coração acelerado e minha respiração ofegante, minha alma parecia que lutava uma batalha contra fantasma mortais era doloroso, angustiante e horripilante. Meu pai não parava de falar na minha cabeça e estava me deixando estressada e irritada, foram 2 horas na sala de espera e finalmente chamaram o meu nome, fomos para dentro do consultório e conversamos com o médico:

- Tudo bem? O que está acontecendo Charlotte? - O doutor pergunta e coloca os dois braços em cima da mesa.

- Há algum tempo venho sentindo alguns sintomas que estão tirando a minha paz... - Disse sem olhar para o meu pai.

- Que tipo de sintomas e há quanto tempo?

- Coração disparado, dores no peito, respiração acelerada, enjoo, preocupações excessivas, tremores, espasmos, meu corpo não para de se movimentar, visão distorcida e escura, o mundo parece que fica em câmera lenta, em alguns dias não consigo comer, meu corpo se nega a levantar da cama, perco a força nas pernas, tenho uma bola na garganta que é constante e só vai embora de vez em quando e não durmo direito, já faz uns 6 meses mais ou menos, acontece as vezes sem motivo e as vezes com motivos bestas como apresentação de trabalho.

- O que você está me relatando são sintomas de crise de ansiedade e síndrome do pânico, mas são sintomas de muitas outras coisas também como são as dores no peito? Pontada, queimação, dores constantes, vem e voltam...

- São pontadas elas ficam por um tempo mas não aumentam a dor nem diminuem.

- Deixe-me verificar sua frequência cardíaca. - Ele se levantou e pediu para que eu respirasse profundamente e senti uma calma bem fraca se estabelecendo.

- Tem casos de problemas cardíacos na família, Câncer, Aneurisma? - Quando ele perguntou isso eu fiquei com mais medo do que já estava.

- Não, mas ela teve refluxo quando pequena será que não é isso? - Sabia que meu pai não ia acreditar de primeira.

- Os sintomas que ela relata não dão indício de refluxo gastroesofágico, é provável que seja ansiedade vá até o postinho de saúde e marque uma consulta com o clínico geral para te encaminhar para o psicólogo ou se preferir pode ser particular mesmo, eu vou te passar um soro para o enjoo e para que você consiga comer ok? Mas você vai precisar de tratamento psicológico e dependendo do grau do transtorno vai precisar também de medicação psiquiátrica. - Eu assenti mas meu pai estava paralisado.

Nós saímos da sala e fomos para a ala de medicação intravenosa, sentei em uma cadeira no canto da parede, a enfermeira veio e colocou o soro em mim, não doeu nada, até assisti ela fazendo o procedimento, meu pai estava quieto não disse nada até então. Ele me deixou lá e saiu para o lado de fora do hospital, enquanto estava sentada fiquei pensando no que minha mãe diria quando soubesse, dona Elizabeth surtaria em 3 idiomas diferentes e crucificaria meu pai por ter me deixado chegar nesse estado.

Em mais ou menos meia hora meu soro acabou, meu pai me levou para a casa, passamos no postinho para marcar a consulta e quando estávamos indo embora finalmente conversamos:

- Por que não me contou que estava assim? É por que eu estou ausente? Preciso que entenda que é a nossa única fonte de renda. - Ele não olhava para mim.

- Não contei porque achei que pudesse resolver sozinha, você não é ausente, não quero que pare de trabalhar por causa disso até porque em uma crise não tem o que fazer só esperar a tempestade passar e torcer pelo melhor...

- Se você estivesse mais apegada a sua religião não estaria assim, peça a Nossa Senhora para te curar e você ficará bem e nem precisará ir em psicólogo, que eu acho que é uma besteira, só perda de dinheiro e tempo. - Ele estava irritado como se a culpa fosse minha.

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