Capítulo 15 - O excesso de falta e a falta de excesso

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A segunda-feira chegou, mas eu estava doente, uma alergia bizarra tomou conta do meu corpo, os roxos aumentaram, meu pulmão estava cheio, meu peito doía quando respirava, estava tossindo e espirrando, com a voz fanha, nariz entupido e o corpo doía, queria ficar deitada, porém hoje eu teria duas aulas de português não dava para faltar. Então arrumei forças de algum lugar e fui me arrumar para ir para a escola, tomei café e sai. Encontrei com a Anne no meio do caminho e com a Samantha no portão estava tão focada nas minhas dores que nem consegui prestar atenção no que a Anne me contara, mas ela sabia que eu me encontrava enferma. Assim que entramos, sentei a minha cadeira e descansei a cabeça sobre os meus braços, estava tão exausta, e meu machucado seguia doendo.

As aulas estavam demorando mais que o costume, eu só queria minha cama. Finalmente o intervalo chegou e fomos para o refeitório, consegui tomar meu lanche e tirei um cochilo no colo da Anne que percebeu que eu estava realmente mal. Quando soou o sinal me levantei e fomos para a sala e encontramos uma cena que nos deixara de boca aberta pelo tamanho da infantilidade. Alguém amarrou as bolsas no alto das janelas para pega-las necessitaríamos de subir na cadeira e as duas ultimas aulas eram de língua portuguesa, se chegássemos atrasados não entraríamos. Verificamos quais mochilas foram amarradas, e eram somente a minha, a da Anne, da Samantha, do Matheus e da Aline, uma colega de classe, era obvio que sabíamos quem tinha feito. A professora entrou na sala e se deparou com a cena de 3 alunas em cima das cadeiras tentando retirar as bolsas, e de repente elas caíram lá de cima, elas estavam amarradas com abraçadeiras de plástico e com nós nas alças entrelaçando umas as outras.

Cortamos as abraçadeiras e desatamos os nós, a nossa turma já se encontrava na outra aula e quando fomos a sala a professora não nos deixou entrar, eu estava tão cansada que só concordei com ela, eu queria sentar e viver ali pra sempre, aquela alergia estava acabando comigo, estava com dores por todo lado:

- Vocês estão atrasados, qual o motivo? - Ela cruzou os braços.

- Nossas bolsas foram amarradas no alto das janelas com abraçadeiras, estávamos tentando tirar e por isso demoramos. - Explicou Samantha.

- Uau que convincente, vai me contar o que mais? Que duendes e gnomos pegaram os cadernos de vocês para brincar de escolinha? Se forem mentir, inventem algo decente.

- Mas nós temos as abraçadeiras - Anne as pegou e mostrou para a professora.

- Quem me garante que vocês não cortaram elas para usar como prova? Vocês não vão entrar na minha sala e pronto. - Ela parecia uma criança batendo o pé no chão.

- Ok então, boa aula professora, passar bem. - Dei as costas e sai, o grupo me acompanhou.

Fomos para o deposito de material que se encontrava no andar debaixo da quadra, ficamos lá para a diretora não nos achar. Passamos as duas aulas conversando, no caso eu dormi estava com dor de cabeça e dor no peito. O sinal para ir embora ecoou, subimos e fomos embora. Cheguei em casa, almocei e apaguei. Fui acordar a noite com meu pai me chamando, ele reparou que eu não estava bem e perguntou se eu gostaria de ir ao médico, mas como imaginei que fosse algo que passaria logo, rejeitei a proposta. Tomei um banho quentinho, jantei mas não muito, deitei na minha cama e dormi até o outro dia de manhã, quando acordei não conseguia parar em pé estava com muita tontura e meu peito doía, ele queimava como fogo, meus lábios estavam ressecados por eu estar respirando pela boca, então acabei cedendo e fui até o postinho. Consegui encaixe com a médica e depois de algumas horas na recepção finalmente fui chamada, era a mesma que havia me diagnosticado com Ansiedade. Ao entrar ela se assustou com o meu estado:

- O que está acontecendo Ana? - Ela entrelaçou os dedos por cima da mesa.

- Desde ontem estou com muita dor no peito, como se queimasse, dor de cabeça, nariz entupido, tossindo, espirrando, corpo mole, um sono que não acaba e com uns roxos que vem aumentando, eles estão no meu corpo desde domingo a noite. - Disse com dificuldade.

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