Capítulo 14 - A bomba de sentimento e ignorância

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Depois daquela bela apresentação fui para casa e dormi a tarde inteira, estava exausta já que não havia dormido direito na noite anterior. Fui acordada com meu pai me ligando e me comunicando que iríamos para a casa da minha avó materna, teria um almoço com o restante da família e nós havíamos sido convidados, parte de mim não queria ir, era como se eu sentisse que algo ia dar errado, mas como eu não consigo dizer não para a minha família eu acabei cedendo, e fui arrumar as minhas malas. Da minha cidade até a casa dela são mais ou menos uma hora de viagem de carro, meu pai chegaria as 17:30 e assim que ele arrumasse as coisas dele nós já cairíamos na estrada.

Chegamos a casa da minha avó as 19:15, eu ainda estava cansada, tomei um banho e mais tarde recebemos a minha tia Clarisse que morava em outra cidade mais distante. Ela era bem inconveniente, não tinha papas na língua, e usava a dor do outro para crucifica-lo, é alguém bem difícil de lidar sem falar que ela manipula as pessoas. Ninguém era doido o suficiente para bater de frente com ela, até porque ela sempre tinha as palavras certa para desestabilizar qualquer um. Ela tinha olhos castanhos e cabelos lisos pretos, mas era pintado, na realidade o cabelo era castanho escuro, e também ondulado. Nunca lidou bem com o fato de ser a mais gordinha das irmãs, por mais que ninguém se importasse com isso, ela não era muito diferente das minhas outras tias.

Ela chegou fazendo escândalo, contando que no pedágio o moço foi grosso com ela e ela retrucou dizendo que ele estava fazendo o trabalho e que era o dinheiro dela que pagava o salario dele. Realmente algo desnecessário, toda vez que nos encontrávamos ela fazia piada comigo, porque minha mãe era super protetora e queria que eu me tornasse uma lady, então ela zombava dos modos que minha mãe me obrigava a cumprir como sentar de pernas cruzadas, sempre andar com os ombros para trás e queixo erguido, nunca comer dois pratos de comida, não ser a primeira a se servir em um evento dentre outras pérolas da dona Elizabeth. Era estressante ter que habitar o mesmo ambiente que minha tia mas dessa vez minha mãe não estaria lá então eu poderia ficar longe de todo mundo sem ninguém encher a minha paciência.

O evento em si era no domingo e toda a família estava chegando e preparando algo para servir a mesa, minhas primas, meus tios, minhas duas tias-avós, e os filhos delas, a lista é extensa mas havia mais ou menos 30 pessoas na casa, que era de dois andares então teria espaço para todo mundo dormir. Foi dando meia-noite e cada um foi se encostando num cantinho da casa, os quartos estavam cheios, havia gente dormindo na sala, e até na cozinha, em 3 quartos encontravam-se 5 pessoas em cada. Ainda não sei como todo mundo coube ali.

De manhã meus tios acordaram a casa toda as 07:00, toda vez eles faziam isso, era quase um castigo. Todo mundo foi para o lado de fora da casa para comer, e tinha tanta gente que me dei conta que minha família por parte de mãe era maior do que eu pensava. Minha avó e minhas duas tias foram arrumar a mesa colocando pães, bolachas, bolos, manteiga, leite, suco, enquanto meu tio moía o pó de café, aquele cheirinho era fabuloso, me lembrava a infância, esse era o cheiro da casa de vó que me transportava para tempos mais tranquilos.

O café foi passado, e todos se serviram, me admirava não ter tido problemas com minha tia Clarisse, ela não perdia oportunidade, sempre que podia ela alfinetava alguém, bom, agora tinham mais pessoas naquele lugar, talvez assim ela se esquecesse de mim. Peguei meu prato e meu copo, me servi com pão e bolo e um suco de manga natural, como eu sentia falta daquilo, mas por mais que eu estivesse revivendo um momento em família, ainda sim tinha alguém fazendo falta, eu sabia que minha mãe nunca mais participaria de algo assim, ela estava brigada com uma das irmãs, e se meu estivesse no recinto ela não entraria nem que a obrigassem, nunca pensei que sentiria falta dela gritando para que eu levantasse o mindinho ao beber algo, que patético, as coisas mais simples se tornam enormes quando estamos com saudade.

Depois que todos se alimentaram, alguns foram limpar a casa, outros foram fazer compras e alguns estavam preparando o almoço do tão esperado domingo. Eu fiquei na função de ajudar com a sobremesa então estávamos fazendo um bolo de sorvete e uma torta de paçoca, era uma das sobremesas que todo mundo comia, e minha prima decidiu fazer também um pudim de chocolate já que havia muita gente era bom ter bastante coisa. Pra cozinhar coloquei uma touca, para não cair cabelo e estragar a receita, minha tia Clarisse entrou na cozinha e criticou:

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