Capítulo 19 - Reconhecer é o inicio da cura

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Ao entrar na sala todos os alunos estremeceram, acho que alguns seguravam a respiração, era nítido o pânico de todos, acho que estavam com mais medo do que a diretora iria falar do que com o castigo depois do sermão. Ela se encontrava tão nervosa, e brava que qualquer movimento diferente a deixava mais estressada. Ela se posicionou em frente a sala e exclamou:

- Eu não acredito que estou vindo aqui novamente para dar bronca sobre um assunto já conversado! Vocês tem algum tipo de esquecimento? Porque não é possível um negocio desse, como vocês fizeram uma petição de suicídio para 3 alunas? Vocês tem noção do quão grave é isso? Se elas levassem adiante vocês seriam responsáveis pela morte de 3 colegas... - A sala empalideceu e ninguém disse uma palavra sequer. - Quero saber de quem foi a ideia estupida de fazer algo assim.

Os alunos se entreolhavam e nada era revelado até que a santa da Nina levanta a mão e diz:

- Todos da sala agiram juntos diretora, ninguém pensa nisso sozinho. - Ela tinha um sorriso amargo nos lábios.

A sala protestou, e uma eterna discussão começou, todos com ânimos exaltados, falando alto, com rostos trancados de raiva. Era bem claro que estavam revoltados com algo que não lhes era responsabilidade. Enfim se manifestaram de maneira pacifica:

- Diretora, serei sincero com a senhora, a Nina fez a petição e foi passando de mão em mão para que os alunos assinassem, porém ninguém se atreveu a fazer isso, não temos nada contra as meninas, quem tem é a minha colega, elas ajudam toda a sala quando necessitamos, sempre explicam matéria quando temos dificuldade, somos amigos delas, a ideia disso tudo foi como eu bem disse, da Nina. - Ele terminou e expôs as mãos entrelaçadas sobre a mesa. Patrick era um dos alunos mais conhecidos da escola por sempre chegar nas ultimas provas das Olimpíadas de matemática, ciências, basicamente ele era o nerd da turma.

- Vê se você se toca! Porque eu iria fazer mal a Charlotte? Somos amigas! - Era nítido, pela feição dela que estava mentindo.

- Imagino a amizade de vocês duas, todos nós sabemos que isso não é do seu caráter.

- Olha só! Está me ofendendo! - Ela debochava.

- Bom, se a carapuça serviu eu não posso fazer nada né... - Toda a sala concordou inconscientemente.

A diretora não poderia incriminar a Nina sem ter provas antes, por mais que soubesse que a turma não mentira dessa forma com unanimidade. Ela ainda tinha uma carta na manga, as salas de aulas tinham câmeras, e somente a direção tinha acesso a elas e assim ela saberia quem estava falando a verdade.

- Pois bem, eis aqui o que irei fazer, ou diz agora quem fez essa brincadeira de mal gosto, ou irei tomar medidas que eu nunca imaginei que pudesse utilizar. Vamos se pronuncie! - A sala seguiu olhando para a Nina e ela não fizera nada. - Certo! Vocês foram avisados.

A diretora saiu em disparada para a sua sala e concluiu que era a melhor maneira, já que não teve sucesso por meio da responsabilidade dos alunos. Ela acessou os arquivos da câmera da sala de aula daquele dia e viu o que de fato havia acontecido.

Eu estava tremula, querendo dormir para nunca mais acordar, mas eu não tinha essa opção naquela situação. Sentada ao lado da Anne e da Samantha que também estavam em choque e paralisadas, eu disse:

- Meninas desculpa por trazer vocês para a lista de ódio da Nina. - Eu lamentava e as minhas lágrimas me acompanharam.

- Você não tem culpa Lotte, eu duvido que aquela menina tem um psicológico são! Não é possível! O que ela ganha fazendo isso? - Anne estava irritada.

- Atenção... É isso que ela ganha. É o que ela quer, mas está buscando pelo caminho errado, e quando as coisas ruins que ela vem fazendo voltar pra ela, ela vai sofrer bastante. - Samantha estava fixa na cadeira como uma rocha.

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