De madrugada tive um pesadelo, nele eu estava incapaz de utilizar os meus sentidos, eu gritava e não saía voz, não conseguia ficar com os olhos abertos, parecia que eu estava num sono eterno, não sentia a textura de nada, meu corpo atravessava qualquer coisa que estivesse a minha frente, havia um barulho agudo ensurdecedor, minha respiração começou a falhar e senti meu corpo tentando fugir mas sem sucesso, eu cai e o chão se desfez eu despencava num cenário escuro e sombrio, eu ouvia gritos e choros, e abaixo de mim estava o lugar o qual me receberia ao chegar, um oceano agitado e tenebroso, eu bati na água e afundei, perdi a respiração e finalmente acordei.
Que terror! Eram apenas 04:00 da manhã, eu estava suando, tremendo, com o corpo agitado, com as mordidas doloridas, uma delas até sangrando um pouquinho, fui até o banheiro, passei uma água nos machucados e no pescoço. Me acalmei e voltei para a cama mas dentro de mim havia algo gritando por socorro e eu estava tentando, eu juro! Parecia mais fácil acabar com tudo mas eu não podia desistir agora, eu ainda tenho uma ultima chance de fazer as coisas melhorarem. Se não der certo não sei o que será de mim.
Passei o resto da noite acordada. Finalmente o dia amanheceu e eu pude tomar um café, estava faminta, coloquei o uniforme e fui para a escola hoje seria o ensaio da encenação de português, cada grupo com o seu tema, tudo estava sendo organizado para o grande dia, minha apresentação seria na sexta-feira, teríamos 50 minutos para organizar o cenário, trilha sonora e tudo que fossemos usar e enfim apresentar para toda a sala. Indo para a escola encontrei com a Anne no caminho e com o Matheus na frente do portão, entramos juntos, passamos pelo pátio e chegamos na sala de Matemática, faltavam 20 minutos ainda para começar as aulas então nos sentamos e ficamos conversando sobre o trabalho.
Reparei que a Samantha entrou na sala se sentou e não falou com ninguém, parecia triste, abatida, o rosto dela estava inchado aparentava vermelhidão, com certeza ela estava chorando antes de chegar. Comentei com a Anne e com o Matheus e eles acharam prudente falar com ela, porém antes que pudéssemos ir até lá a Nina foi mais rápida que nós e adentrou a sala com toda a fúria que um ser poderia sentir, se deslocou ate a mesa da Samantha:
- Nina eu sinto muito - Ela olhava nos olhos.
- Ah sente? Você me traiu! Pediu desculpas, simplesmente ignorou o que eu sentia e as minhas decisões, uma boa amiga não faz isso, como espera ser uma super amiga igual a Anne bizarra se não faz tudo o que eu quero?
- Eu estou cansada de fazer as coisas pra você e por você, você me cegou de uma forma que me magoou muito, a cada comentário seu sobre o meu corpo me fazia querer desaparecer, por achar que eu não era boa o suficiente e... - Ela segurava as lagrimas.
- Você não é boa o suficiente, você é uma ratinha igual a Charlotte, se dependesse de mim você poderia se jogar de um prédio que eu não me importaria! Você arruinou minha vida! - Ela fechou o punho e socou a mesa.
- Eu não fiz nada disso, quem cavou seu próprio buraco foi você mesma... Nina, ainda dá tempo de concertar as coisas! Peça perdão pelo o que você fez as meninas e tudo vai melhorar... - Ela descansou sua mão sobre a de Nina.
- Eu não preciso disso! Não preciso de perdão, eu sou superior e não quero pena de ninguém, você é tão suja quanto elas, se são tão importantes faça o trabalho de português com elas! Eu não quero você perto de mim! Você me dá desgosto! - Ela se virou e saiu.
Samantha se encontrava em lágrimas, a Anne foi pegar um copo d'água para ela e eu e o Matheus fomos até lá consolá-la:
- Samantha? Podemos conversar? - Eu esbocei um sorriso empático.
- Vocês ouviram né? Não tem nem como não ouvir... - Ela olhava para baixo.
- Você tem um ponto... - Ela sorriu - Vi que você chegou abalada, aconteceu alguma coisa? Além disso tudo claro!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Emoções & Tempestades
Non-FictionSabe aquela sensação de que tudo vai cair em cima da sua cabeça, você está se afogando dentro do seu próprio eu, grita por socorro e ninguém te ajuda... Pois bem eu não sabia como era essa sensação, ou pelo menos achava que não. Emoções são traiçoei...