Em casa consegui comer mas estava com uma angustia dentro de mim era como se minha alma se debatesse dentro de mim e eu não sabia o que fazer uma vez que meu pai não queria pagar um psicólogo seria muito mais difícil seguir em frente com esse diagnóstico sem ajuda. Decidi pesquisar na internet sobre terapia para entender como era e saber por onde começar, aparentemente precisava decidir qual seria o meu psicólogo mas meu pai não iria pagar a primeira consulta então teria que me virar sozinha, eu havia guardado dinheiro no meu aniversário já que estava tentando comprar um tablet com caneta para desenvolver desenho digital, não era muito mas já dava para pagar algumas sessões.
Dei uma olhada nos psicólogos mais bem avaliados da minha cidade pelo Google, separei 4, eu queria que fosse mulher, mas poderia tentar um homem também vai que eu mudo de ideia. Encontrei a Dra. Bianca ela era formada pela Unicamp e especialista em Psicanalise, o que isso significa? Como saber qual será o perfil do psicólogo ideal se eu não conheço nada desse ramo? Vamos na sorte, achei também a Dra. Miranda, formada pela USP, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e era professora também, ela me chamou atenção parece que é uma excelente profissional. Encontrei também o Dr. Fernando que era especialista na abordagem Behaviorista , parece um nome de planta. E por ultimo a mais bem avaliada da pesquisa era a Dra. Katherine formada pela PUC e estava se especializando em Gestalt-Terapia, é um nome bonito mas não sei o que significa, não poderia mandar mensagem para eles antes de falar com meu pai e convence-lo a aceitar o tratamento.
Minha consulta era as 16:00, e meu pai iria comigo, ele sairia do trabalho mais cedo para me acompanhar. Ás 15:30 ele chegou em casa, já estava pronta para ir, uma tristeza profunda habitara minha energia, o clima entre nós dois estava péssimo e isso era desconfortável demais, fomos até o postinho e lá aguardamos por 20 minutos até me chamarem. Ele estava esperançoso, esperando que a médica diria que aquilo tudo se resolvia com um Dipirona mas não foi bem o que ele ouviu. Ao começar relatar tudo que eu sentia a ela, a doutora afirmou que realmente o meu diagnóstico era aquele e que iria me passar medicação natural por causa da idade, um remédio a base de maracujá, ela disse que faria eu me sentir mais calma mas que era necessário e indispensável a atuação de um psicólogo, porque as crises eram bem severas e poderia evoluir para Transtorno de Ansiedade Generalizada e que seria bem mais difícil de controlar e tratar. Ela me passou o encaminhamento para que eu utilizasse o profissional do SUS, o único problema é que demora muito tempo para conseguir uma consulta e até lá seria difícil lidar com tanta emoção desregulada.
Quando fomos para casa meu pai disse que eu iria ao psicólogo mas só se fosse o do postinho, eu estava feliz e triste ao mesmo tempo, quanto mais eu demorasse para iniciar o tratamento mais espaço teria para piorar as coisas, estava com medo, mas creio que ele mudaria de ideia. Estava na sala fazendo um dever de casa da escola quando chamaram no portão, meu pai foi até lá e pela janela percebi que era da justiça, era um advogado que foi entregar uma intimação sobre a minha guarda. Entrei em desespero eu não podia ir para a minha mãe ela nunca iria deixar eu fazer o tratamento ela nem sabe do diagnóstico. Meu pai entrou com o papel na mão, estava pálido e percebeu que eu estava começando uma crise nova e ele presenciara o meu tormento de perto:
- É o papel da guarda não é? - Já dizia com a mão no meu peito, tremendo e começando a sentir falta de ar.
- Sim, mas não precisa ficar assim, só pede para que eu vá até o fórum para um audiência com a juíza para destinar como será o seu futuro.
- Como se eu tivesse escolha... Quando será? - Tentei levantar mas não conseguia, meu corpo havia se negado e ele formigava.
- Terça-feira as 09:00, você estará na escola... Inclusive amanhã vamos ao benzedeiro que te falei, para tirar isso ai. - Ele apontou para mim.
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Emoções & Tempestades
Non-FictionSabe aquela sensação de que tudo vai cair em cima da sua cabeça, você está se afogando dentro do seu próprio eu, grita por socorro e ninguém te ajuda... Pois bem eu não sabia como era essa sensação, ou pelo menos achava que não. Emoções são traiçoei...