Capítulo 2

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Lais Matos.

Maria: você vai passar o dia todo lá comigo? -assenti balançando a cabeça enquanto calçava o tênis.- você sabe que não precisa, né filha? você passou o final de semana todo tocando nessas suas baladas ai.

Lais: relaxa mãe, tô tranquilona e vou te ajudar hoje, posso?

Maria: como você é teimosa Lais, meu Deus! -disse alto abrindo a porta de casa.

Só dei risada, me levantei pegando minha bolsa e sai junto com ela.

Já tava perto das oito e meia da manhã, já era pra estar no restaurante a meia hora, mas hoje dona Maria se deu o "luxo" de acordar 10 minutos tarde e está super preocupada com isso.

Nesses dezoito anos de vida sempre vi isso, minha mãe acordado cedinho pra ir pro Leblon. Até três anos atrás era pra vender quentinhas em um lugarzinho minúsculo, hoje ela tem o próprio restaurante, funcionarias, etc.

A renda não é a melhor coisa do mundo, mas mantém nossa casinha na Rocinha sempre limpa, linda e a geladeira cheia.

Enfim, muito orgulhoso da minha mãezinha, que conquistou tudo sozinha, sem pedir ajuda de ninguém!

Maria: presta atenção na hora de atravessar. -disse encostando em mim e segurando minha mão.

Lais: mãe, pelo amor, olha meu tamanho. -disse rindo enquanto atravessava a rua com ela até o ponto de ônibus.

Maria: você continua sendo desatenta filha, isso não vai mudar só porque agora é de maior. Isso você puxou do seu pai. -balancei a cabeça negando e me encostei no poste.

Nunca curti esse bagulho de falar que sou parecida com meu pai, nunca nem vi esse cara, mas toda a familia da minha mãe insiste em falar que sou do mesmo jeitinho que ele.

Maria: ali é o Felipe? -apontou com os olhos pra direita.

Lais: parece que é. -disse colocando mão na testa pra tentar ver melhor.

Realmente parecia ser ele, mas só reconheci oficialmente quando chegou bem perto.

Maria: Felipe, meu filho, como você está lindo!

Borges: iae tia. -beijou a testa dela.- como a senhora tá?

Maria: eu estou bem, graças meu bom Deus. -disse gesticulando.- e você como está? como tá a doida da Nina e seu irmãozinho?

Borges: eu to na paz e eles também. -disse sorrindo e logo trouxe o olhar em minha direção.- tranquila Lai?

Lais: da melhor forma. -disse seca e fiz um toque com ele.

Borges: que bom. -voltou a olhar pra mim mãe.- mas é isso, vou voltar pro trampo, só vim buscar um bagulho pro Jhony.

Maria: ta bom, meu bem. manda um beijo pra sua mãe e pro pequeno.

Borges: pode deixar. -fez um legal com a mão e voltou a andar em direção a barbearia.

Maria: meu Deus do céu Lais, você não é assim. -me olhou cruzando os braços.

Lais: o que foi?

Maria: pior erro da sua vida foi ter se envolvido com aquele Marcos, sinceramente! não que eu tenha que me meter nisso, mas aquele garoto fez você se afastar tanto dos seus amigos daqui, o Felipe principalmente.

Lais: mãe, por favor...

Maria: vocês eram tão apaixonados, foi só um vacilo que aquele esquisito entrou no meio.

Lais: já entendi mãe, o ônibus esta vindo olha.

Foi na RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora