Foi na Rocinha

Capítulo 15

Borges.

Eu tenho certeza que conheço aquele moleque de algum lugar e isso ta martelando na minha cabeça desde a hora que vi ele.

Ouvi uma batida de chave na porta do barbearia e virei logo tendo visão do Grego.

Ele abriu o porta e logo entrou.

Borges: qual foi?

Grego: Nobre ta chamando tu na boca 3, pegar teu bagulho.

Borges: caralho, nem posso sair daqui agora. -passei a mão pelo rosto e me levantei da cadeira.

Grego: ele nao vai te esperar e anda logo, ninguém vai vir aqui essa hora. -ele saiu de lá.

E errado não estava, oito e sete da manha, ninguem iria aparecer pra contar o cabelo essa hora.

Fechei o caixa que eu tinha aberto e peguei minha chave na bancada, sai puxando a porta que proteje a de vidro e tranquei a mesma.

Dei uma paletada da desgrama até chegar no topo do morro onde fica essa boca de fumo que o Nobre fica.

Cumprimentei os vapores que estavam la na frente e logo entrei, dando de cara com ele bolando um.

Borges: manda o papo.

Nobre: bom dia? -disse depois de virar pra mim.- agora que fez um corre vai ficar marretão?

Borges: bom dia -cumprimeitei ele.- agora manda o papo ai chefe, tenho que ta na barbearia em dez.

Nobre: tu ta ligado que o que vai receber hoje e amanhã é um mês desse teu trampo ai. -balancei a cabeça confirmando e cruzei os braços.- se liga, não sou de fazer propostas assim, até porque quem quer isso vem até mim. Mas queria saber se tu não acha melhor entrar pra minha tropa. -eu ia abrir a boca pra falar, mas antes mesmo disso ele me interrompeu.- os moleques tavam falando da sua postura na hora da cobrança e tô precisando mais de gente assim, só o Grego, hg e Maquiny não dão conta de tanto vacilão tem nesse Rj devendo a Rocinha.

Borges: se liga Nobre, isso aqui que eu fiz foi algo maior que uma escolha, ta ligado? minha coroa descubrir de onde vai vir esse dinheiro eu sou mandado pra fora de casa.

Nobre: tô ligado de quem é sua coroa, mas tô mandado o papo pra te ajudar mesmo, tu poder mandar a coroa ficar tranquilona no barraco, pego a visão? não desmerecendo seu trampo, mas a merreca que sai da barbearia não sustenta uma família.

Papo reto, aquele cara tava entrando na minha mente, ja tava ficando nervosão. Ele não ta nem um pouco errado, com o dinheiro que eu ganho na barbearia a coroa e meu moleque vão viver do mínimo.

Nobre: sei que é difícil, te dou um tempo pra pensar. -abriu uma gaveta que tava na frente dele e me entregou um envelope.- três mil e algumas notas ai.

Borges: combinado não era pegar os três mil dessa e os seis mil da proxima tudo na sexta?

Nobre: era, mas você botou tanto medo no playba lá, que antes da seis da amanhã o dinheiro já tava na mão do grego. -disse rindo.

Borges: é o mínimo que ele poderia fazer.