Capítulo 5

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Borges.

Jhony: vá lá meu cria, fico pra fechar hoje.

Felipe: porra, valeu de verdade meu mano. -fui até ele e fiz um toque com as mãos. - é isso ai rapaziada, boa noite a geral.

Ouvi algumas vozes responder e logo me coloquei pra fora da barbearia, tava quase na hora do jogo que ia ter na quadra hoje, tinha dito pro Maquiny que ia e não ia descumprir com minha palavra.

Mas antes passei no mercado pra comprar uns bagulho lá pra casa, recebi uma quantia a mais hoje, tipo um adiantamento, ta ligado? não entendi muito, mas não vou negar né?

Rapidin lá, comprei umas merendas pro Lucas, uns bagulho pro almoço e uns outros bagulhos que tava faltando, nada de mais.

Depois de passar tudo guiei diretinho em direção ao barraco.

Estranhei logo o silêncio, só o barulho da televisão ligada e pá.

Borges: mãe? -disse enquanto fechava a porta.

Nina: oi filho. -respondeu com a voz embargada vindo da cozinha.

Borges: qual foi que tu ta assim? cadê o Lucas?

Ela suspirou antes mesmo de me responder, dali já vi que tinha algum bagulho errado. coloquei as compras em cima da mesa e fui na reta dela.

Nina: claro que iriam me liberar cedo hoje filho, claro...

Borges: fala mãe, qual foi?

Nina: me dispensaram Felipe, foi isso. -me olhou com os olhos cheios de lagrimas já. - e foda, dia 3 tem a escola do seu irmão pra pagar e até lá ainda não vão ter liberado o dinheiro que eu tenho direito.

Borges: relaxa mãe, vou dar um jeito. -passei meu braços pelo seu pescoço e a mesma se deitou em meu ombro.

o silêncio tomou conta por alguns segundos, mas logo depois ela levantou o rosto e me olhou.

Nina: não vai dar jeito nenhum, não precisa. -limpou as lágrimas que escorriam. - só estou assim porque estou tentando digerir a situação, mas eu não sou fraca, entendeu Felipe? -continuei olhando pra ela.- eu não sou! eu criei um homem do caralho e to formando outro, não posso abaixar cabeça. -ela abriu um sorriso me olhando enquanto os olhos ainda derramavam lagrimas.- amanhã de manhã cedinho vou dar uma andada lá pelo asfalto, vou atrás de um trampo.

Eu nem consegui responder nada, só sorri junto com ela e a abracei. De verdade, morro de orgulho dessa coroa, é o verdadeiro significado daquele ditado: tonteia, mas não cai.

Nina: vai tomar um banho e venha comer antes de ir jogar, viu?

Borges: tranquilo coroa. -sai da cozinha indo em direção ao quarto

Nina: coroa é a puta da sua mãe. -ouvi a voz dela alta e apenas ri.

entrei no quarto e me deparei com o Lucas deitado na cama, nem reparou minha presença, mesmo falando com ele, enfim, separei uma roupa e fiz como ela disse, tomei um banho, me vesti e fui comer.

Conheço a minha preta, se eu invento de ficar me casa ela ia ficar boladona pro meu lado e até vir com caô dizendo que eu iria estar atrapalhando a noite dela.

Foi na RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora