Valeu muito a pena

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Ouvi o despertador de longe e forcei a abrir meus olhos, vi Tom pegando o telefone e desligando o despertador. Ele me olhou com o rosto também inchado de sono, eu aproximei dele e nos abraçamos, me aconcheguei me sentindo zonza de sono.

-Não quero levantar – falei baixinho.

-Eu também não - ele falou com sua voz rouca matinal.

Hoje temos que acordar bem cedo para chegarmos com mais de uma hora de antecedência no aeroporto. Eu não queria que ele tivesse o trabalho de me levar lá, mas ele insistiu muito. Inclusive Anna está dormindo no quarto da Nora para ir com a gente para o aeroporto. É uma segunda de manhã, dia perfeito para eu me sentir tão pra baixo assim.

Ontem as meninas voltaram para a casa da mãe delas e tivemos que nos despedir, e foi muito doloroso, abraçar elas, dá tchau. Elas lidaram muito bem com a situação, falaram coisas bonitinhas, me deram um abraço apertado e foram embora sorrindo pra mim. Quando o Tom fechou a porta eu desabei no sofá, e chorei tudo que eu estava segurando enquanto despedia delas.

Eu nunca me senti tão em casa antes, além da casa onde eu cresci com minha família. E eu tive o mesmo sentimento aqui, como se fosse a minha casa. Ter que dizer adeus pra elas foi como se tivesse tirado um pedaço de mim, e eu ainda não entendo porque estou me sentindo tão mal assim.

-Temos que levantar – Tom falou e eu assenti.

Ele levantou da cama e foi para o banheiro, e eu sentei na cama encarando o branco da parede. Com tantos pensamentos na cabeça e ao mesmo tempo um vazio no peito.

Tom saiu do banheiro e nós dois nos arrumamos em um silêncio angustiante. Ele então foi para a cozinha fazer o café da manhã, e eu terminei de arrumar minhas coisas. Fechei a última mala, revisei se tem tudo que preciso na bolsa, peguei minhas roupas de frio e finalmente fui para a sala, deixei a mala junto com as outras.

Quando cheguei na cozinha Anna já estava sentada na bancada conversando com o Tom.

-Bom dia Bia – ela falou sorrindo e eu fui até ela que me abraçou de lado.

-Bom dia – sorri sem mostrar os dentes.

Meu telefone tremeu e eu comecei a trocar mensagens com minha mãe, que queria saber mais detalhes sobre a viajem, para chegar no aeroporto na hora certa para nos buscar. Eu estava escutando Tom e Anna conversando, mas não estava realmente prestando atenção.

-Tá tudo bem? - Anna perguntou e eu levantei o rosto para olhar pra ela.

-Tá sim, é só minha mãe perguntando tudo de novo sobre a viagem.

-Ela tá acordada? – assenti – No Brasil ainda é de madrugada.

-Você sabe como minha mãe é ansiosa, não deve nem ter dormido de noite.

-Tia Helena sempre querendo ter controle de tudo – ela falou rindo e eu assenti sorrindo.

Peguei uma xícara e enchi de café, fiquei parada ao lado do Tom, mas não conseguia olhar pra ele, porque eu estava sentindo que ia desabar a qualquer momento.

-Não vai comer nada? - ele perguntou.

-Não consigo, estou sem fome – ele só assentiu.

Os dois terminaram de comer, terminamos de nos arrumar e descemos com as malas para o carro. Eu despedi da pequena Eve, e sai do apartamento com lágrimas nos olhos, tentando segurar minha vontade de chorar.

Eu realmente não quero conversar agora, porque eu sinto que no minuto que eu abrir minha boca eu vou perder todo o controle que eu estou lutando para ter. É por isso que fomos em silêncio no carro, eu fiquei olhando pela janela, observando e tentando guardar na memória a beleza de Londres. Eu espero voltar aqui, porque eu me apaixonei ainda mais pela cidade.

Don't Wanna Fall In Love | Tom Ellis Onde histórias criam vida. Descubra agora