A manhã havia chegado mais rápido que Gerard desejou, e apertando os olhos, incomodado com uma música insistente invadindo sua cabeça, ele se afundou no colchão, virando-se para o lado oposto da cama e cobrindo a cabeça com o cobertor, praguejando o seu maldito subconsciente por fazê-lo sonhar com outra música do Type O negative. Ele aninhou sua cabeça confortavelmente no travesseiro e então gemeu, ainda de olhos fechados, relutando para mudar a direção do seu sonho para um outro onde a sua vida não fosse tão tediosa e solitária.
Mas quando a música ressurgiu, só então ele se deu conta de que não estava mais dormindo e a aquele som de fato se fazia presente. Vinha do seu celular que vibrava e tocava alto no móvel de cabeceira. Grunhindo de insatisfação, Gerard descobriu a cabeça e praguejou quem quer que estivesse se atrevendo a interromper o seu tão precioso sono que veio tardio e durou tão pouco.
Em meio à escuridão do seu quarto, rolou sobre a cama e tateou o móvel de cabeceira com certa dificuldade, buscando o aparelho que tocava incessantemente. Quando a vibração foi sentida em seu tato, ele o agarrou e logo abriu um pouco seus olhos que ardiam de sonolência, piscando forte para conseguir enxergar o nome sobre a tela.
E como se acabasse de receber um golpe forte de realidade na cabeça, seus olhos sonolentos saltaram de susto ao lerem o "Thom" que brilhava no aparelho.
— Puta merda! — xingou, estapeando a própria testa ao sentar-se rapidamente enquanto encarava a tela com um nervosismo atufando seu peito.
Mesmo que hesitante e sem tempo de pensar coerentemente graças ao sono interrompido, ele deslizou o dedo, atendendo à chamada.
— Ahm... Alô? — proferiu, pigarreando para ajustar a voz recém desperta e demasiadamente rouca.
— Olá, Gerard, bom dia — Thomas disse pelo outro lado da linha. Seu tom de voz era diferente, parecia insosso, bem distante de quando se falaram outras poucas vezes — Desculpa se te acordei, imagino que tenha sido uma longa noite, huh?!
Pego de surpresa, Gerard coçou a têmpora ferozmente, buscando qualquer palavra em sua cabeça para formular alguma frase coerente.
— T-thom, oi! É... Eu-
— Você transou com o Frank, não foi? — Thomas foi direto, fazendo Gerard arfar, envergonhado.
— Thomas, eu... Bem, é só que você não apareceu e dai... Bem, é que- Espera, como é que você já sabe disso?
— Uau, então é verdade — Thomas zombou acidamente, fazendo com que Gerard enterrasse os dentes nos lábios e torcesse o rosto em uma careta desgostosa.
— Sim, é verdade, Thom. Eu sinto muito e realmente entendo se não quiser mais me ver.
Thomas suspirou pesaroso do outro lado da linha e Gerard apenas o ouviu em silêncio, aguardando pela resposta onde ele esperava que Thomas abrisse mão de o conhecer por ser tão carente e sequer cumprir com a promessa que fez a si mesmo.
— Olha... Olha, tudo bem, eu sinto muito também — disse ele, o pegando de surpresa — Sinto muito, eu te deixei esperando e então Frank provavelmente apareceu com más intenções e- — Thomas fez uma breve pausa, suspirando audivelmente outra vez, soando exausto — Bem, eu posso te explicar melhor se ainda quiser me encontrar. Hoje à tarde?
Gerard chiou e gaguejou um pouco antes de finalmente conseguir elaborar uma frase que fizesse sentido. Estava pasmado que Thomas simplesmente não tivesse desistido de dar a ele uma oportunidade para o conhecer. O seu peito se atufou de emoção por finalmente sentir que alguém queria saber dele, que tinha vontade de conhecer a sua pessoa, de conversar e enxergar o seu conteúdo. No entanto, a culpa chutava as suas costelas, o fazendo sentir tão canalha quanto Frank por se doar ao gêmeo errado duas vezes, para só então sair com o gêmeo certo.
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Duality [Frerard]
Hayran Kurgu"... ele tem mais de uma personalidade, e eu sinto que me apaixonei justamente pela que me odeia."