14. porto seguro

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P.O.V. HIGASHIKATA HYORI

Tóquio, antes da Borderland.

Minhas lágrimas desciam desesperadamente, poderia senti-las molhando sua camisa antes perfeitamente limpa. Meu rosto queimava enquanto eu o pressionava contra seu peito, não conseguiria me conter nem mesmo se quisesse, eu estava genuinamente em prantos, me debulhando em lágrimas. Niragi era quente, o quente confortável que me fazia sentir querida, e finalmente em casa. O que ele já fez não me importa, não me importo com o quão mau ele possa ser, não me importo com o quão ao pé da letra ele tenha levado minhas palavras; ele estava ali quando ninguém mais estava, mesmo que isso configure como invasão domiciliar, eu não me importava. Meu corpo era frio e ele me esquentava, meu rosto queimava com as lágrimas e ele me confortava, eu mal conseguia falar uma única frase sem pateticamente falhar, gaguejando entre as palavras.

Isso era desgastante, meu único desejo era fugir. Fugir para meu próprio mundo, onde não tenho de me preocupar com as consequências que outras pessoas sofrem, por mais próximas que sejam. Como caralhos um ex presidiário conseguiria tanto dinheiro em tão pouco tempo? Era manipulativo, um anarquista nato, dizendo coisas e depois me tratando como uma criança. Bom, no final quem mais trabalhou para pagar sua dívida fui eu. Sabe, o japão tem uma obsessão estranha com a imagem de pureza.

Eu queria matá-lo. Não, simplesmente deixá-lo morrer. Aqui e agora, fugir para meu próprio país das maravilhas. Trabalhar e... Eu não sei...

Niragi faria com que eu me sentisse genuinamente amada? Seu corpo tocando o meu para que eu percebesse todo seu ser. Era confortável, e ele possuía a determinação para ficar ali o quanto fosse necessário. Ele me tratava como pessoa, uma das poucas luzes que vejo. Eu me sentia como uma criança nesse quarto de merda. O quão problemático isso poderia ser? Porra Hyori, ontem mesmo você estava trabalhando pra salvar a vida de um homem que você nem mesmo aprecia a companhia de verdade. Família deve se provar família, o sangue não significa nada.

— Niragi... Por favor... Fique comigo... Só por hoje... — Eu falava pausadamente, em desespero por um pouco de ar entre os soluços. Minha voz embargada tinha som de súplica, doía todas as vezes que eu tentava dizer algo. Eu quero que ele seja meu... É assim que as pessoas demonstram o amor, não? Eu nem sequer sei o que é o amor.

Niragi me olhava incrédulo, parecia tão desesperado quanto eu, apenas por me ver neste estado. — Por favor... Só hoje. Durma comigo. — completei.

Ele engoliu seco e eu fiquei na ponta dos pés, queria vê-lo. Vê-lo de perto.

— Você não ficaria com medo? — Ele perguntou e eu tremi. Tremi de ódio, ele era a única pessoa que me levava a sério.

— Eu quero... Não me faça pedir de novo. Eu odeio... Odeio esse lugar. — Exclamei, tentando fazer o mínimo o possível de barulho. — Você veio até aqui... Pode ficar uma noite se quiser. Vo-Você quer que eu deixe uma escada do lado da minha janela? Quer... Você quer fugir comigo?

Sinto ele me levantar, agarrando-me em seus braços. Eu parecia um peso de papel. Odiei. NIragi então se jogou em minha cama, ele por baixo e eu por cima, ele sabia que seria melhor, estava relutante, não queria me assustar mais. Ele era macio, aconchegante, seu coração batendo rápido apenas por estar comigo. Ele achava que eu era uma maluca? Achava que eu estava tão carente a ponto de me derreter por qualquer ação dele? Apenas estou farta de tudo, e você é minha única via de escape. Suguru Niragi, apenas faça o que quiser comigo, me sinto miserável, já não me importo com minha integridade física, a menos que você esteja ao meu lado..

Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora