21. Naturalidade

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P.O.V. SUGURU NIRAGI

Tóquio, antes da borderland.

" Higashikata Hyori Precisamos falar com você." Diz o policial parado em frente a porta. Sua voz era gentil, apesar da presença ameaçadora. O encaro enquanto meu corpo inteiro congela, a expressão catatônica em meus rosto me denunciaria se Hyori não desviasse toda a atenção para ela. Não podia ver seu rosto, mas eu sabia todos seus hábitos, eu havia passado tempo demais convivendo com ela. Olhou o policial de cima a baixo em seu maior tom de deboche, a postura relaxada e aberta, seja lá o que ele fosse perguntar, ela estava mais do que pronta para provar sua inocência sem mentir, (ou com mentiras pequenas, sabe como ela é) Mas eu sabia o quanto Hyori estava aterrorizada.

— Aconteceu algo, policial? — Ela sorri dócil, inclinando a cabeça para o lado. Seu tom era naturalmente doce. Se ao menos ele soubesse o quão cínica ela estava sendo agora...

— Algumas, senhorita Higashikata. Coisas preocupantes. Primeiro, foi relatado por sua tia que você desapareceu. Por que fugiu? — O homem simplesmente perguntou. Ele pode fazer isso? Ela pode simplesmente não responder nada sem um guardião legal, ainda é menor de idade, apesar de tudo.

— Uma fuga de casa... Eu queria ficar com meu pai. Mas não foi exatamente como planejei... Agora estou aqui. Fiquei de saco cheio e decidi visitar um amigo. — Ela continuou a falar. Braços cruzados e se apoiando no batente da porta. Não mentiu em nada, mas também não parecia na defensiva. Hyori falava o que lhe era perguntado. Só ficaria perigoso se o tal policial se aprofundasse mais no assunto. Mas ela não sabe, ou sabe?

O policial suspirou, o ar saindo de seus lábios enquanto ele rabiscava em seu pequeno caderno, olhou Hyori fundo nos olhos e pensou em sua próxima pergunta.

— E esse seu tal amigo está aqui? — Mais uma vez ele faz outra pergunta e dessa vez eu estremeço. Um arrepio na espinha me faz quase pular do colchão.

Ele iria me fazer perguntas estranhas? Porra um corpo não começa a feder assim tão cedo, mamãe era uma mulher solitária, ninguém iria sentir sua falta. Ele sabe? Ele sabe que ela desapareceu? Que eu a matei? Porra, preciso pensar em como acobertar isso melhor e se descobrirem que não foi suicídio? Eu sou a pessoa mais próxima dela, iriam me interrogar com certeza. Estou à deriva, preciso ter um álibi muito sólido.

Hyori é parte de meu álibi, sim, não importa o que fosse, ela iria me proteger com certeza.

— Eu posso entrar? — Ele pergunta. Hyori graças aos céus nega com a cabeça.

— Está um pouco bagunçado por aqui. Você sabe como é. Prefiro que nenhuma visita entre. É constrangedor tentar ser hospitaleira quando mal tenho um sofá. — Hyori respondeu, encarava-o como se já se conhecessem. Seu olhar mortal de encontro com os olhos dele, logicamente nada hospitaleira, já estava ficando de saco cheio.

Hyori costumava participar de alguns esquemas duvidosos, sabe, uma "prostituição" ( Apesar de sempre se ofender quando chamada dessa forma, ambas as profissões não eram realmente muito diferentes) drogas, e entre outros. Enfim, toda desculpa esfarrapada que ela arranjava era sempre completamente coerente e conseguiu nunca ser pega por nenhuma autoridade. Bom, além de algumas bebidas e alguns cigarros, não havia nada que não poderíamos ter dentro de casa. A não ser que ela tenha escondido cinco quilos de cocaína na mochila, o que duvido muito.

— E quanto ao seu pai? Ele está desaparecido sabia disso? — O tal policial continuou. Porra, ele queria fazer um interrogatório na porta da minha casa? Invasivo demais, me faz questionar se realmente era um profissional na área. Talvez um detetive em treinamento, enfim, eu o achava um idiota por não ser mais sorrateiro.

Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora