4. Cachorrinho

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P.O.V. Suguru Niragi

Tóquio, Japão, antes da Borderland.

Eu tinha borboletas no estômago,

arrepios,

eu tinha uma ereção.

A filha da puta... Saiu de cima. Gargalhou mais uma vez em tom de deboche enquanto deixava seu corpo tombar para trás, a camisa estilo marinheiro subindo, não muito, apenas o bastante para que eu pudesse ver sua cintura, o que já era o bastante. A pele macia, o umbigo à mostra, sua cintura afinando como se pedisse para que eu a pressionasse ali. Eu nunca tinha visto algo assim, apenas nos mangás ( Que eu inclusive não poderia estar comprando). Parecia bom de apertar. Era isso que ela queria? Queria que eu olhasse pra ela? Por que eu? Poderia ter qualquer um, por que logo o mais fácil? Não gosta de desafios? Talvez ela estivesse a fim de mim.

Ela me deixa louco.

Louco o bastante para ter a confiança de agora ficar por cima, apenas para observá-la de perto. Sua expressão sem nenhum medo ou receio. Ela era convencida e petulante, parecia gostar de quando eu passava um pouco dos limites, mas não muito, como se quisesse treinar- me. Como se quisesse que eu fosse seu pequeno pupilo para as mais hediondas de suas filosofias.

Me encarava de maneira embriagada. O cheiro de cigarro exalando de seu ser conforme ela soltava aquela risada magnífica, vacilava, engasgando e imitando um porquinho, estranho quando acontecia comigo, mas era fofo quando ela fazia. Higashikata Hyori parecia não ter medo de errar. Era humana com orgulho, espontânea, nada dócil, queria encontrar palavras para descrever essa garota sem ser um completo canalha e sem parecer que o que eu sentia ali naquele momento era um misto de ódio e atração. Uma grande gostosa.

Aproximo-me de seu pescoço, assim como a mesma havia feito antes, completamente em êxtase apenas de sentir seu cheiro, cinzas misturado com um perfume doce de morango. Queria consumí-la ali mesmo, minha língua tocando gentilmente sua derme, suas mãos macias tocando minha nuca e minha respiração pesada com o nervosismo batendo contra ela.

Ela...

Me prendeu?

Continuava com sua risada, por que ela carregava uma coleira no bolso? Ela esperava isso? O quão sangue frio... Ela viu tudo? Higashikata Hyori, te conheço há um dia, mas você já é tão especial... Puxou a coleira e roubou um selinho sapeca. O que essa desgraçada tinha na cabeça?

- Por que isso? - Perguntei sério em minha voz mais rouca, encarando-a. Talvez eu fosse um miserável, mas ainda tinha um mínimo de decência para saber que tudo isso era estranho.

- Eu tive vontade. Sabe, eu comprei isso pro meu cachorro, mas acho que funciona melhor em você. Por acaso vai reclamar? Eu sei que você gostou. Eu sinto... Estou em cima de você, esqueceu? - Porra. Bom, ela não está errada. Hyori soltou seus cabelos, voltando a colocar suas mãos nos bolsos, tirando de lá uma corrente fina, a guia da coleira, prendeu, me puxando para que eu me sentasse e a olhasse bem nos olhos. - Você é um bom garoto...

- Você é estranha pra caralho. - Ri, jogando meus cabelos para trás, uma repartição no meio não era exatamente algo que impedia os fios de prejudicarem meu campo de visão. Ela vibrou, arfando e dando um pulinho de surpresa. Essa desgraçada sabe o que tá fazendo né? Espero que sim. Ela me quer... Talvez seja muito egocêntrico da minha parte pensar assim, talvez eu seja mais um de seus joguinhos. Eu sei lê-la? Higashikata Hyori era mesmo assim tão fácil?

- Você fica bonito com o cabelo pra trás. - Hyori comentou, finalmente saindo de cima de meu colo, acho que isso era desconfortável até para ela. Entretanto, ainda segurava a coleira como se sua vida dependesse disso. - Ah, tudo o que você faz consigo mesmo te deixa menos atraente.

Bom, acho que toda a minha confiança acabou agora.

- Não seja assim tão submisso. Me pega com força.

Eu não posso. Pensei. Se eu fizer isso, se eu realmente amá-la, meus infortúnios serão compartilhados, talvez não Shimura e seus amigos, mas o que será dela? A garota que gosta do perdedor cheio de espinhas? Imagino a visão que ela tem agora. O que deve se passar na cabeça dela?

" Ele é um idiota, olhe só pra ele, todo confuso Suguru Niragi acha que alguém como eu faria isso por pura e espontânea vontade." Sim, ela devia ter algo parecido com isso em mente, me elogiando de maneira vazia apenas para extrair reações de mim. Fecho minha expressão, voltando a olhar para baixo; eu sentia vergonha. Acho que eu era o mais novo brinquedinho de Higashikata Hyori, sem nem mesmo saber um pingo de informação sobre sua vida, parece que ela leu toda a minha história antes de vir falar comigo, mexendo com cada vírgula de informação sobre mim, era uma boa leitora de pessoas. Será que ela gostava de doces? O que eu poderia fazer para surpreendê-la? Deveria imitar Shimura? O que faz duas pessoas se apaixonarem de verdade?

- Não. - Respondi, tirando a coleira rapidamente.

Eu estava fazendo o que ela queria, certo? Merda. Ela sorriu mais uma vez, a forma com a qual ela estava se mostrando cada vez mais instável, essa garota vai acabar me matando se eu permitir. Mas não era isso que eu queria? Estava quase desistindo de tudo há alguns minutos, e ela me salvou simplesmente dizendo que eu devia fazer o que desse na telha. Se eu hesitasse era porque era fraco, decisões são feitas apenas uma vez, sem mais.

- Levanta daí, vou te levar pra casa. - Me ergui, olhando-a de cima. Estava sem paciência, sério, o dia foi longo e a miserável estava querendo deixar isso tudo ainda mais complicado, não conseguia enxergar três metros a frente sem meus óculos e ela estava tentando deixar tudo isso ainda mais difícil. Hyori mordeu seus lábios negando com a cabeça. Devo admitir, ela era excitante.

- Então você entendeu... Seu princípio da maldade... Seu rosto é redondo, tem olhos bonitos e um sorriso inigualável... E você não faz nada que te valorize longe de mim, é inteligente mas ao mesmo tempo muito incapaz. - Arfou, cruzando suas pernas e sentando-se como um índio.- Você é exótico, eu diria. É legal quando não está com medo ou tentando parecer legal.

Ela me dava raiva. O que tinha de diferente entre ela e Shimura? Todos são tão gentis antes de verem as consequências. Ela queria mexer comigo.

- Seu princípio da maldade, Suguru Niragi é mau por natureza, apenas está sendo reprimido. Eu consigo ver fundo em você. Toda sua raiva... Até mesmo crianças são cruéis... Matando pequenos insetos como se fossem deuses cruéis. Vidas são vidas, e se você não pode se proteger ou resistir então apenas suma da minha vista. Você faz por merecer, não há nada de errado com você.

Finalmente, ela se levantou, pegou sua mochila e tirou um de seus cigarros do maço, entregando bem em minhas mãos. - Fuma um, você precisa relaxar cachorrinho.

Cachorrinho... Agora sou o brinquedinho da novata também.




▲Aviso▲

Adiantando um capítulo pq talvez eu fique sem postar perto do ano novo, pq né FAMÍLIA TÓXICA AFF, enfim, obrigada pra todo mundo que tá falando comigo, me dá muitas ideias sabe, quero casar com todo mundo que fala comigo

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Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora