22. Idolatria ao Solstício de inverno.

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Deixando um aviso aqui, desculpa pelo hiato, é que eu já tava começando a achar insuportável e eu tinha cagado completamente na história, mas agora eu tenho um novo plano e tá tudo bem, vou tentar voltar a postar.
Boa leitura!

-A autora

Tóquio, antes da Borderland.

Pov Suguru Niragi

Devo agir de maneira natural, com o único intuito de não preocupá-la. Devo continuar vivendo como se a atrocidade de acabar com minha única figura materna fosse necessário, e que eu apenas deixei meu ninho demaneira pacífica.

O fim do outono é a época perfeita, frio, mas não congelante. A neve começando a cair timidamente, os flocos de neve tomando lugar das folhas avermelhadas das árvores de Tóquio.

É uma boa sensação. O frio exterior sendo anulado por alguns pares de agasalho.

Hyori me encarava, seus olhos castanhos sempre em tom de flerte escondiam toda sua preocupação, como de costume. Entretanto, seu semblante lentamente ficara mais leve, conforme o tempo passava ela se forçava a esquecer todas as coisas ruins que havia passado, reprimindo suas memórias de pouco em pouco. Para ela também parecia ser crucial aparentar ser ordinária, apenas uma adolescente mundana com a cabeça vazia. Manter sua imagem de garota burra e despretensiosa que só pensa em namorados, bandas de visual kei e maquiagem enquanto calmamente esperava para soltar todo seu veneno em mentiras parcialmente verdadeiras.
Eu gosto dela. Possuir pessoas fortes em seu círculo social é sempre uma vantagem. Te faz forte na mesma intensidade.

Vestia-se com o uniforme escolar de inverno, o padrão marinheiro sempre presente nas cores preto e vermelho da instituição. Usava uma meia calça da cor de sua pele, que provavelmente era mais quente que minha calça, mesmo levando em consideração dela estar usando uma saia, luvas pretas e um cachecol vermelho. Parecia pouco, de a viste de longe iria pensar que duas pernas estariam congelando e que o paletó do uniforme não seria o bastante para aquecê-la. Um engano comum, uma vez que é quase inviável usar este tipo de vestimenta durante o verão.

E, embora Higashikata Hyori aparentasse ser consideravelmente menos cintilante e tentadora agora comparado de quando a vi pela primeira vez, ainda era a proprietária da silhueta mais bela que já tive o prazer de contemplar e que jamais conseguira imaginar sozinho. Sua figura era imaculada, forte, poderosa, impiedosa, mas ao mesmo tempo confortável. Como uma deusa no plano terrestre, enviada para me conceder misericórdia e redenção.
Ela era invejável para mim, não apenas queria possui-la todas as noites, mas também queria me tornar mais como ela.

Qualquer pessoa teria sorte de ter um segundo de sua atenção.

Andávamos de mãos dadas no trajeto para a escola, o frio nos permitindo ficar próximos o tempo inteiro. No metrô, caminhando... Ela sorria, sorria realizada por finalmente estar livre e conquistar sua independência.

Ela é preciosa.
Mas eu imagino como ela reagiria se perdesse tudo o que possui. Quebraria meu coração se isso fosse feito por outra pessoa.

Sou o mais vulnerável desta relação, imagina-la como minha namorada adorável é heresia a sua grandiosidade.  Mas ainda sim, eu não hesitaria em tirar a vida de qualquer indivíduo que tentasse ousar tirá-la de mim.
Sua atenção é toda minha, todos seus olhares apaixonados, todas suas palavras são ditas com maestria para inflar meu ego. Elogios passivo-agressivos que me despertavam o instinto de beija-la e de machuca-la. Sua voz soando como a mais bela sinfonia que não poderia ser composta nem pelo maior dos gênios. O som de sua voz não se compara com Camille Saint-Saëns, Ludwig Van Beethoven, Bach ou nem mesmo Tchaikovsky. O timbre grave e feminino me seduzia, me persuadindo a venerá-la como uma divindade, a cada sílaba pronunciada pelos seus belos lábios enfeitados por um batom avermelhado eu me sentia mais quente.

Hyori era perigosa, de certa forma eu a compararia com o que o inverno significa para um fazendeiro. Inalcançável, desesperadora, desafiadora, misteriosa, perigosa. Poderia morrer de hipotermia ao seu lado se ousasse se descuidar por um mísero dia.

A escola era rodeada de policiais, todos fazendo sua ronda matinal enquanto os alunos adentraram às dependências da escola quando o doce sinal soou. Nada de anormal, mas eu suava frio.

A viatura se aproximando do portão e estacionando, chamando a atenção de alguns alunos enquanto eu fingia não me importar. Tremendo e desviando o olhar. Não era nada demais. A culpa não bateria. O que eu fiz foi mais que justo.

Não, não foi justo. Ela merecia mais.

Não sofro de remorso, isso é karma. O karma feito com as próprias mãos.

Shimura nos encarava na sala de aula, sempre com o grupo de seus dois outros amigos, sinceramente, insignificantes. Provavelmente conspiraram contra mim, sussurrando como ratos em um beco escuro. O rosto de Shimura possuía ematomas, um roxo em sua bochecha e outro próximo a sua testa. Eu era mesmo único perdedor que aceitaria ser espancado e feito de alvo por eles?

Que idiota... Facilmente assustado por um taco de Baseball, mas ainda sim, sem nenhum senso de autopreservação.
Eu já queria morrer, o que eles fariam se eu me recusasse a obedecer? Me espancar até a morte? Apenas me poupariam o tempo que eu gastaria ponderando se essa é uma boa ideia ou não.
Mas a única pessoa apropriada para tirar minha vida sou eu mesmo.

E ela.

Eu Facilmente a deixaria me matar.

Meu último desejo? Dar uma facada naquele loiro oxigenado. Ouvir Shimura implorar pela própria vida, ou melhor, implorar para morrer seria ainda mais gratificante.

Eu não sinto remorso, eu gostei. Eu gostei de ter sangue em minhas mãos.

Hyori acariciava meus cabelos, encantada com o comprimento que estavam ganhando. Passeava seus delos por toda a extensão com um sorriso doce e distraído. Ela poderia ser vulnerável assim? Eu estava me tornando seu ponto fraco.

Isso é bom. Se ela não puder viver sem mim estarei realizado. Tê-la ao meu lado, e talvez deixar tudo para trás mais uma vez.

Seremos como Gomez e Morticia Addams, aterrorizando todos ao nosso redor, mas ainda apaixonados.
Não me importo se ela for possessiva, irei apenas retribuir todas suas ações, deixando Hyori ditar como iremos nos relacionar.

O sinal toca novamente, desta vez seguido e um anúncio. Normalmente anunciam o início dos preparativos dos festivais de inverno assim que a estação começa. São eventos românticos e tradicionais, como se voltássemos para o Japão medieval por uma semana inteira.

"Suguru Niragi Classe 3-1 compareça à diretoria. Autoridades superiores desejam lhe contactar. Repetindo, Suguru Niragi Classe 3-1 por favor compareça à diretoria. Autoridades desejam lhe contactar."

Merda de assassinato.
Só em caso, eu devo descongelar minhas habilidades de vitimismo, de chorar quando eu quero.

Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora