16.Fica comigo

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P.O.V. SUGURU NIRAGI

Tóquio, antes da borderland

O dia ficava cada vez melhor, acordei ao lado de Hyori com aquele sorriso, ela era teimosa e cabeça dura, mas era óbvio que estava começando a gostar de mim. Eu fiquei feliz. Ela realmente precisava de mim, isso era o bastante, se dependemos um do outro, nunca vamos nos separar. Foi o dia perfeito ao seu lado, a noite chegou rápido, e com ela Hyori colocava sua deslumbrante fantasia de wicca, discreta, mas ao mesmo tempo muito elegante. Queria poder vender minha alma para ela agora.

Foi a primeira vez que fui convidado para uma festa, em toda minha vida, fui restringido a apenas festas de aniversário de parentes próximos, todos humanos muito detestáveis que não me queriam ali. Pela primeira vez, eu era desejado. As pessoas finalmente conseguiam me suportar como sou. Era minha ascensão social. Todas aquelas pessoas fantasiadas, poderia reconhecer algumas, enquanto outras não. Meus olhos brilhavam, a música típica de halloween tocava ao fundo, tantas luzes coloridas iluminando o mundo, elas pareciam ter mais cor.

Me pergunto se Hyori está realmente bem, ela sabia esconder suas emoções como ninguém, um problema não desaparece de súbito, não um tão chamativo e grande. Seu pai era um bêbado, parecia que estava esperando a própria morte pacificamente enquanto a filha se condicionava à desesperadamente tentar pagar. Eu juntava as peças, ela o ama, mas não o aguenta mais, logo começara a pensar que ele havia se tornado uma presa da sociedade, e que de fato merecia suas consequências.

Ela era maluca. Mas sua insanidade se equiparava à minha, deixando-a cada vez mais bela, sua loucura brilhava, e eu era uma mariposa atraída por sua luz, querendo me tornar a mais pura essência de sua maldade.

Talvez enlouquecer por completo não fosse uma má ideia, desde que fosse ao seu lado.

Nos desencontramos durante a festa "Tenho de fazer dinheiro." Ela diz, rapidamente se misturando com a multidão. Isso tudo continuava belo sem ela, o dia das bruxas era uma ótima época, ver todos se expressando com bem entendiam. As pessoas no japão me pareciam sempre muito contidas, principalmente no colégio e nas ruas, vê-los dançando com seus amigos no melos estilo filme americano era tudo pra mim.

Mas enfim, acho que as coisas foram por água abaixo.

— Quem te convidou?— Chute. Porra! Eu caio, desmorono maravilhosamente. O chão sempre foi o único que realmente me segurou. O baque foi alto, logo Shimura e seus amigos formavam um círculo ao meu redor, apenas para que eu não pudesse fugir com facilidade. Três contra um não é nada justo.

— Provavelmente a mesma pessoa que convidou um idiota como você. — Retruco, eles não pareciam ter gostado disso. O tacape das fantasias de homens das cavernas se quebra em pedacinhos ao atingir-me. Não era tão duro, então não foi tão agoniante quanto achei que seria.

Mais uma surra. Dessa vez eu deveria reagir, não? Me levanto com tudo, eu acertei um soco! Hahaha! EU ACERTEI UM SOCO! Shimura não parecia nada feliz, entretanto, me empurrou mais uma vez, para que ele e seus amigos continuassem a bater. Eles levam jeito, eu já sabia onde eles gostavam de me acertar, dois anos inteiros e ainda com as mesmas manias. Admito, eu costumava pensar onde acertá-los toda vez que faziam isso.

A festa parecia tão viva, uma mente só controlando todos aqueles corpos em êxtase, todos igualmente ignorando-me. A histeria coletiva, todos vivam um único momento, e eu, eu dividia a dor com eles, socos, socos. Bom, ninguém vai perceber meus chupões se o resto do meu corpo também estiver cheio de hematomas.

Eu dividia o momento com ela, seu olhar se encontrando com o meu na multidão, o que eu poderia ler de seu rosto? Dó? Desgosto? Decepção. Afastava-se lentamente, ela me achava fraco, digno de pena, se eu morresse aqui e agora, Hyori não iria se importar, essa é sua natureza indiferente, se o diabo quer arrastar minha alma até o fundo dos infernos, eu apenas permitirei. Deixaria órfã de um amor, carente de afeição como estava pouco antes de me abraçar, em desespero, desequilíbrio com o universo, em sua própria disforia eterna com sua própria natureza.

Eles pararam, meus olhos fechados poderiam apenas escutar o ar adentrando suas gargantas de súbito, estavam assustados.

— Vocês não deveriam bater no convidado especial. — Escutei. Uma voz masculina. Que porra era um convidado especial? Eu? Eu era o especial?

Seus pés batiam contra o chão, a borracha dos tênis esportivos deslizando no solo, eles fugiram.

— Eu sou especial? — Perguntei. Ainda no chão, sentei-me, apoiando as costas contra a parede. Lentamente abrindo os olhos. Era ele, o riquinho de merda, Kishibe Yamato. Também vestia-se com o uniforme de hogwarts, era um lufa-lufa. Seus cabelos recém tingidos de castanho caindo sobre seu rosto. Além de rico e popular, Yamato tinha a audácia de ser bonito.

— Por que mais eu iria te convidar? — Ele riu, sentou-se ao meu lado, segurando minha mão direita gentilmente, beijou-a, analisando bem sua estrutura. — Você ficou mais atraente depois de arranjar uma namorada.

Hyori não é minha namorada. Mas eu queria.

— Soube que você também gosta de garotos. — Completou.

Arregalei os olhos, virando a cabeça com tudo para encarar Yamato.

— G-Garotos? — Gaguejei. Merda! Confiança Niragi!

— Eu vi como você olha pra eles. No acampamento, durante a educação física. — Continuou, esse homem não fazia o menor sentido. — Sou popular entre as garotas, nunca se perguntou porquê eu não tenho uma namorada?

— Você gosta de mim, por acaso? — Questionei e ele negou com a cabeça lentamente.

— Não. Sua personalidade é horrível. Mas você realmente começou a chamar minha atenção. Tem ficado cada dia mais belo. Comecei a te desejar há algumas semanas. — Então ele queria... Queria? Porra, eu tenho cara de quem gosta de garotos? Eu tenho cara de que faria isso? Continuo a encará-lo, incrédulo. A expressão do meu rosto era de puro choque, um pouco de asco ao mesmo tempo. Ele achava que eu transaria com qualquer um que aparecesse na minha frente?

— Não... Eu não gosto de garotos, sinto muito. — Respondo. Eu tinha mesmo que dizer isso?

— Não quero que seja meu namorado. Quero que me beije, que passe a noite comigo. — Yamato era insistente, me levanto rapidamente e ele vai atrás, segurando meu pulso com firmeza.

— E se eu dizer que não quero? Você acha que eu sou uma prostituta?— Ri, revirando os olhos e desviando o olhar. Yamato voltava a se aproximar, seu rosto bem próximo ao meu para sussurrar em meu ouvido.

— Eu sei o que você fez com a garota Higashikata na cachoeira. — Ele diz e eu estremeço. — Você tem noção de quantas leis infringiu ali? Bebendo, fumando, abusando de uma garota inconsiente. Foi patético.

— Você sabe que-

Ele me interrompe, um beijo. Como um instinto o empurro, queria gritar, mas não conseguia, estava tão em choque que a única coisa que pude fazer foi encará-lo com uma expressão confusa. Merda, ele era bom em chantagem.

— Ela nem se movia, Niragi. Foi nojento. Quer mesmo que um vídeo disso se espalhe por ai? Você pode ir preso. — Sua voz possuía um tom calmo, ele sabia muito bem o que estava fazendo. Manipulador de merda. — Se não quiser ir preso, você só precisa fazer uma coisa. Fica comigo. Só por hoje. 

Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora