13. Paparazzi

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P.O.V. SUGURU NIRAGI

Tóquio, antes da Borderland.

A natureza humana consiste em estupro, violência, incêndio criminoso, fraude, assassinato e entre tantas outras coisas. Isso é o que um humano é, quando se está sozinho, essa é sua mais pura essência carnal. Por que acha que todos os nossos mais profundos desejos são puníveis por lei? Os fracos precisam de uma força maior para se proteger da seleção natural. É assim comigo, e é assim com todas as oito bilhões de pessoas vivendo neste planeta. Todas as mentes, mesmo separadas, trabalham fervendo em ódio e com um único objetivo; sucesso.

Eles freiam meu sucesso, minha ascensão. Quero matá-los. Mamãe, meu padrasto. Todos eles. Fugir, no entanto, é a opção mais coerente. Com a entrega do último trabalho, finalmente tinha dinheiro para alugar um loft. Eu fugiria amanhã. Silenciosamente e sem ninguém saber.

Higashikata Hyori era a exceção, parecia ser genuinamente boa e má simultaneamente. Não era indefesa, não precisava de mim para protegê-la. Não era uma megera má, porém não era frágil ou burra. Andaria ao meu lado até o mais profundo dos infernos, não por pena, uma vez que também era completamente vazia de piedade, o faria porque quer. O faria porque não teria opções mais interessantes. Sua carcaça viajaria ao meu lado como minha maldição, e eu viajaria ao seu lado como sua maldição.

Ela era imune, imune ao meu veneno, imune à maldição daqueles que andam ao meu lado, Hyori não compartilhava de meus infortúnios. Quando provocada apenas reagia de volta, sempre em intensidade maior ou igual. Não era popular, mas também não sofria bullying, o ódio ao seu redor de alguma forma se tornava respeito, não sofria bullying porque era temida, tudo o que deveria sugá-la apenas a fortalecia.

Não, anjos como ela não podem caminhar pelo submundo ao meu lado.

Eu a machuco, como ácido lentamente corroendo-a até os ossos.

Mas se minha presença é fogo, desejo ser o maior dos incêndios apenas para consumi-la por inteiro, até os ossos vaporizados, tão quente quanto o mais profundo dos vulcões, para torná-la cinzas.

As poças d'água refletiam as luzes da cidade, o néon roxo e azul se misturando majestosamente na recém caída água. Minha visão perdia o foco conforme tudo se afastava, afinal eu não usava os óculos que precisava, então literalmente, eu tinha olhos apenas para ela.

Todo seu estilo gritaria "Princesa barbie!" Se não fosse por seu toque pessoal, a jaqueta jeans estilizada, com caveiras e kanjis estranhos por toda sua extensão, o vestido tingido preto que algum dia foi um rosa bebê. Sua maquiagem era mais pesada nos fins de semana quando aparecia na cidade, aparentemente não queria ser confundida com uma colegial. Era final de outubro, uma das raras vezes que nos víamos fora da escola, minhas duas teorias incluíam: Ou ela não podia sair, ou simplesmente andava por bairros tão barra pesada que nem mesmo eu teria coragem de andar sozinho.

Depois do acampamento, Hyori começou a carregar um canivete pra lá e pra cá. De longe parecia um chaveiro comum, mas eu sabia que ela estava pronta para esfaquear alguém a qualquer momento. A lâmina era de um tom arroxeado bonito, gravada em ácido para revelar melhor os padrões da forja. Era arrumava dinheiro saindo com velhos solitários em lugares perto de Shibuya.

— Então você já tem tudo que precisa pra amanhã? O Halloween é especial! — Ela perguntou, tinha o celular em mãos, navegando aleatoriamente por uma página no twitter, sem rumo aparente. Ela se vestiria de bruxa wicca, o que é a cara dela, eu me surpreenderia se soubesse que ela não é uma bruxa de verdade. E eu, me vestiria de, bom, eu usaria um uniforme da sonserina. Estávamos combinando de um jeito ou de outro.

Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora