11. Outono

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P.O.V. SUGURU NIRAGI

norte de Tóquio, antes da Borderland.

Chute, chute... Ela havia me chamado pra cá pra isso? Meu corpo estava acostumado, o taco de baseball, o mesmo taco de baseball de Shimura. O que muda nisso? Bom, ela está certa depois de tudo. " A minha natureza humana tá me mandando bater em você" Ela responde, a expressão de genuína raiva em seu rosto enquanto tomava impulso com o taco de metal. Não reclamo, ela está em seu perfeito juízo. Por que diabos fazer aquilo parecia uma boa ideia? Eu sabia que acabaria apanhando.

Justo, não guardo rancor.

Ela batia mais algumas vezes, não reajo, era minha punição; Olho por olho e dente por dente. Hyori apenas retribuía toda a dor que causei a ela. Mais do que justo que ela me bata.

A morena murmurava alguns palavrões conforme continuava a bater, parecia cansada, jogou o taco no chão apenas para começar a chutar. Isso deixaria marcas, admito. Ela batia melhor que os amigos de Shimura. Seu pé indo de encontro com, bom, todo meu corpo. Chute, chute, chute.

Apanhar de mulher, em outras circunstâncias seria... Adorável.

Bate, bate. Ela continuou assim até que eu cuspisse um pouco de sangue, manchando a grama verdinha do mais puro vermelho. Nojento. Meu corpo tombou para o lado, imóvel eu sorrio, o nariz sangrando e todo o resto do corpo dolorido. Dói. Mas eu tenho que aguentar.

— Acabou? — Pergunto, não em um tom afrontoso, mas em tom de medo, cansaço.

— Acabou. — Hyori respondeu, sentou-se ao meu lado, calmamente pegando uma garrafa d'água em sua mochila, dando alguns bons goles e arfando ao matar sua sede. — Você mereceu.

Concordo com a cabeça, relutante. Porra, eu não ia conseguir falar? Odeio, odeio essa parte de mim.

— V-Você ainda vai guardar rancor? — Gaguejo. PORRA!

— Não. Você vai guardar rancor pela surra? — O tal sol da tarde retrucou com a voz cansada.

— Não. — Sussurro. Fecho os olhos, ajeitando-me para ficar mais confortável, coisa que ali parecia genuinamente impossível, para logo depois voltar a encará-la. — Pegar o taco de Baseball do Shimura foi de fuder. Porra, parecia que era ele que estava me batendo.

— Eu estou furiosa, gostou? Seu Yandere de merda. Yandere Kanchigai. — Ela riu incrédula e depois levantou. Levantou apenas para cuspir em mim. Para uma garota, ela sabia como cuspir para humilhar alguém. — Mas no final do dia. Ainda sou sua única amiga. Vamos voltar ao normal quando estivermos na escola.

As palavras que ela usou... O que eu sou? Porra, não sou tão ruim assim.

Kanchigai, para o português, "Mal-entendido". Isso era... Um tipo de yandere, não? Quando uma pessoa é gentil com outro alguém que nunca presenciou tal comportamento e acaba achando que é amor. Eu não sou assim, sou?

Queria perguntar, e ela pacificamente foi embora. Sem me dar a chance de questioná-la. Talvez ela estivesse certa.

Sim, eu sou maluco, completamente caótico, até mesmo um pouco mórbido.

Levo minha não até o bolso da camisa e pego um cigarro de cereja. É só um cigarro, não pode ser assim tão ruim. Acendo e respiro aquela fumaça. A nicotina adentrando meus pulmões. Não fumava com frequência, apenas para acompanhar Hyori ou quando realmente precisava de uma pausa da realidade. Mas eu queria simplesmente poder fugir da realidade as vezes.

Não, não devo fugir, isso é inútil.

Tive uma pausa de Shimura, mas mesmo assim Hyori aparece e me bate. Acho justo, sou odioso, sendo inocente ou não.

Yandere ヤンデレOnde histórias criam vida. Descubra agora