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XXX. Dreissigstes

Já faziam quase 4 horas que ela havia entrado na sala de cirurgia e até agora eu não havia recebido nenhuma noticia dela. Os dedos de Jungkook estavam entrelaçados aos meus, enquanto seu polegar me fazia um carinho singelo.

Taemin também estava sentado conosco, enquanto mastigava seu, sei lá, vigésimo chiclete. Meu rosto estava vermelho de tanto que eu já havia chorado em antecipação. Eu queria acreditar que aquela demora era para que tudo saísse bem, mas eu sentia que era um mau sinal.

Hoseok e Taehyung estavam na lanchonete do hospital, saíram direto de seus compromissos para irem ficar conosco a espera de qualquer noticia. Eu não sei dizer o quanto aquela espera estava me atormentando.

Mas assim que o médico apareceu naquele corredor eu soube que, sim, eu estava bem mais nervoso do que aparentava em meio a todas as lágrimas que já soltei. Meu coração batia tão rápido que eu poderia ouvir ele em meus ouvidos assim que me levantei para ir em direção ao doutor que olhava exatamente para mim.

- Doutor, como foi a cirurgia? Minha mãe está bem? – Quando notei, Jungkook e Taemin já estavam ao meu lado, também esperando pela resposta do médico.

- Creio que vocês deveriam sentar... – Falou hesitante e aquilo já foi a minha resposta. Senti minhas pernas tremerem e eu teria ido ao chão não fosse os braços de Jungkook circundando minha cintura.

- Não precisamos sentar, precisamos saber dela. – Falou Taemin, tomando frente ao que eu já estava me debulhando em lágrimas ali novamente.

- Eu sinto muito, ela não resistiu a cirurgia...

E eu não ouvi mais nada. Eu simplesmente me soltei do moreno e sai correndo dali em direção a calçada, onde finalmente eu pude gritar. Gritar de raiva, frustração, tristeza, ódio, tudo ao mesmo tempo. Eu podia sentir o mundo girando rápido demais e minha cabeça doendo.

Mas quando eu já não tinha mais o que gritar, eu apenas senti minha vista escurecer antes de meu corpo finalmente entrar em contato com o chão frio da calçada.

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Já era fim de sábado, havia acabado de voltar do velório, o qual foi todo organizado por Taemin, visto que eu estava mal demais para lidar com tudo isso. Estava deitada no chão da sala de casa com Jungkook fazendo comida para nós na cozinha.

Mas não era de comida que eu precisava, era das minhas bebês, eu precisava muito delas agora, pra me desligar. Hoseok ficou de me trazer algumas pra me ajudar e eu poder me dopar assim que Jungkook me deixasse sozinho.

E os dias seguintes foram marcados por isso. Todos os dias eu fumava pelo menos uns sete cigarros de maconha nos intervalos que eu tinha. Comecei a vender a maioria dos moveis, doei as roupas de minha mãe.

Me mudei da casa onde morava para um kitnet, o que era suficiente pra mim. O bom foi que com o dinheiro que consegui vendendo os moveis consegui pagar três meses adiantado e ainda comprar algumas bebês pros meus fins de semana.

Jungkook sempre tentava ficar comigo, mas eu não permitia. Eu queria ficar sozinho com minhas bebês. Só saia de casa para o serviço. E hoje era quarta, logo eu tinha que trabalhar. Cheguei cedo no bar, indo vestir minha roupa, com a barriga de fora, como sempre.

- Nossa, você emagreceu muito, Jiminnie – Comentou V, entrando no vestiário sem a menor cerimônia. Rapido fechei meu armário e olhei em sua direção.

- Você não devia estar aqui. – Na mesma hora vi meu namorado entrando, olhando em minha direção com uma carinha triste.

Eu sabia que ele estava com saudade, preocupado. Ele estava sempre tentando se aproximar, mas eu só o afastava. Eu queria dizer que estava tudo bem e lhe abraçar, mas eu não sou capaz de mentir pra ele. Eu não estou bem, eu não faria bem a ele.