⤷four

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𝑫𝑬𝑲𝑲𝑬𝑹𝑺, 𝑵𝑰𝑲𝑲𝑨

Meu corpo congelou, quando cheguei no estúdio de tatuagem. Era impossível não esconder o nervosismo e me arrependo amargamente por não ter desistido desse desafio no momento em que eu poderia.

Mackenzie já tinha deixado tudo pago, para minha infelicidade. Passo as mãos em meus cabelos e caminhei para dentro do estúdio. Sinto um frio na barriga e minhas mãos começaram a suar. Eu estava fodida e não de um jeito prazeroso.

Loren estava sentada em uma das cadeiras me esperando. Ela estava com um vestido soltinho e curto no corpo, cabelos soltos e o rosto todo maquiado. Eu sabia que essa piranha iria dar um jeito de vir toda arrumada pra desencalhar.

— Oi, Nikka! — Loren acenou, falando com a voz alta após me ver. — Por que demorou?

— Não estava querendo vir. — Resmunguei mal humorada. Não queria tatuar o nome de outra pessoa na minha pele. — Você poderia ser mais discreta, né?

— Nunca! — Ela esboçou um sorriso malicioso e deixou o decote do busto mais visível. Ouvi um assobio e minha atenção foi em um careca todo tatuado que passou por nós. O olhar dele foi para Loren, ou melhor, no decote da garota.

— Vai pentear esse cabelo. — Loren falou, mostrando um belo dedo do meio para o homem que saiu com uma cara fechada. — Enfim, você demorou um pouco e outra pessoa foi na frente, daqui a pouco é sua vez.

— Eu queria morrer. — Falei, indo me sentar em uma das cadeiras da recepção e cruzo os braços.

— Queria morrer? Com essa bundona? — Loren falou igual um homem hétero, me fazendo revirar os olhos e soltar uma risada.

— Cala boca.

Tirei meu celular da cintura, desbloqueando e indo ver a vida alheia das pessoas no instagram. Seguia uma página de fofoca dos famosos, era só traição e brigas.

Fiquei tanto tempo mexendo no celular, que só percebi que os minutos foi passando ao ver a hora. Mais de vinte minutos sentada aqui, eu vou é embora, pelo menos posso ter uma desculpa boa.

Quando estava prestes a me levantar para ir embora, uma voz grossa chamou meu nome. Rapidamente vejo Loren se levantando com um sorriso no rosto.

— É a sua primeira tatuagem, estou tão feliz por você. — Ela saiu me empurrando para perto do homem asiático, que foi guiando nós duas até um corredor.

A mão de Loren foi em direção a bunda do homem, fingindo apertar e dou uma cotovelada na garota. Apontei para a câmera visível no corredor e a menina arregalou os olhos, fazendo uma pose de sonsa.

Mordo meu lábio para segurar a risada e o homem abriu uma porta, dando espaço para que nós duas entrássemos. Assim que coloquei o pé para dentro da sala, fiquei encantada com os diversos desenhos que estavam na parede, um mais lindo do que o outro. O tatuador estava de costas para mim, sentado em uma cadeira, provavelmente nem percebeu que estávamos na sala.

— Então... — Loren falou chamando a atenção dele. Quando se virou, fiquei até com as pernas bambas.

— Ah, oi, sou o Vinnie. — Ele falou, ajeitando o cabelo e se levantou. Lavou as mãos em uma pequena pia que estava ali. — Pode sentar! A tatuagem é com o nome de quem? Tenho algumas fontes bonitas aqui pra você dar uma olhada.

— Sentar no seu colo? — Loren falou brincalhona, me empurrando para maca. Dei um beliscão na menina, que me devolveu.

— Loren, deixa de ser atirada. — Murmurei, me ajeitando e olhando para o teto. Minha vontade era de sair correndo.

— Primeira tatuagem? — Vinnie perguntou ao perceber meu nervosismo. Apenas assenti com a cabeça e seco minhas mãos suadas na blusa.

— Infelizmente, e o nome é o pior. — Falei. — Escreve Mackenzie com fonte signerica.

— Ela está fazendo contra a própria vontade. — Loren disse logo em seguida, observando alguns desenhos da parede.

— Moça, você manda em você. Tem certeza que vai querer um nome marcado na sua pele pra vida toda? — Vinnie perguntou, colocando as luvas.

— Ela vivia com marcas de mão na bunda, uma tatuagem é o de menos! — Minha amiga respondeu por mim, sem nem um pingo de vergonha na cara. A convivência com Mackenzie deixa todo mundo depravado, não é possível.

— Faz logo a tatuagem, por favor. — Ordenei, revirando os olhos. Procuro um lugar bom em meu corpo que deixasse a tatuagem escondida e resolvo fazer um pouco mais acima do meu quadril. Abaixo um pouco a saia que eu estava usando e levanto minha blusa.

Vinnie passou um algodão com álcool, para antes de fazer a tatuagem. Soltei todo o ar preso em meus pulmões enquanto ele estava preparado tudo, mas logo depois que ele ligou a máquina, eu dou um pulo da cadeira. Nem a beleza desse homem me deixava calma.

— Desisto, não vou fazer merda nenhuma. — Ajeito minha saia e a blusa.

— Então deixa que eu faço por você, pode ser na bunda? — Loren falou olhando para o tatuador e indo para a maca. Seguro a mão da garota e saio arrastando ela pra fora da sala. — Já estava pago, sua piranha!

— Isso é estupidez, eu quero ir pra casa. — Falei como uma criança de sete anos, revoltada e mimada.

— Não acredito que você dispensou uma tatuagem de graça e um homem gostoso. — Loren falou alto, chamando a atenção de todos na recepção. Respiro fundo, pra não voar na cara dela. — É o seu destino sentar naquela rola.

O mesmo homem que estava olhando para o decote da Loren, estava na porta do estúdio fumando cigarro quando saímos. Ele deu a mesma olhada para ela.

— Cara, vai arrumar essa franja. — Continuou implicando com a careca do homem.

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tattoo, vinnie hackerOnde histórias criam vida. Descubra agora