Capítulo IV

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Meu pai me levou até a sala,  onde encontrei o tal Nate sentando em nosso sofá,  ele sorriu simpaticamente mostrando ser dono de dentes perfeitos.

- Esta é Melinda, minha filha.  - disse meu pai.

- É um prazer conhecê-la. Sou Nate. - disse ele estendendo a mão. Eu fiquei olhando alguns segundos e depois resolvi apertar a mão dele. - Você é forte.  - disse ele sorrindo.

- Você deveria sentir o meu chute. - eu disse e ele riu, meu pai olhou para ele como se dissesse desculpas.

- Melinda.  - disse meu pai colocando as mãos nos meus ombros.

- Eu também chuto muito bem,  já fiz karatê. - disse ele fazendo alguns gestos de karatê, pude ouvir os risinhos de Cora.

- O Nate vai ficar um tempo aqui. - disse meu pai.

- Um tempo...quanto tempo?  - perguntei.

- Melinda não seja indelicada.

- Ela tem razão. Mas sabe a questão de tempo é muito relativo. O que pode ser muito tempo pra mim pode ser nada pra você.

- Tenho certeza que vai ser um longo tempo. - murmurei. - E por que você vai ficar aqui?

- Vou concluir uma pesquisa para faculdade. E como seu pai era muito amigo do meu, ele permitiu que eu ficasse aqui. Obrigado.

- Seu pai era um grande amigo... e você pode ficar o tempo que quiser aqui. - meu pai disse e eu comecei a tentar me deslocar para o meu quarto.

- Já vai para o quarto de novo Melinda? - perguntou meu pai, eu parei e disse:

- E para onde mais eu iria?

- Que tal tomar um chá?  - perguntou Nate, eu o olhei estranhamente.

- Não, obrigada.  Meus pensamentos são mais interessantes.

- Viver é muito melhor que recordar.  - disse ele, eu virei a cadeira para vê-lo, ele me olhava esperando que eu dissesse algo, eu porém virei a cadeira e fui para o quarto. Para um cara que chegou agora,  ele é bastante ousado para falar aquilo.  O que ele sabe de mim? Nada. Ele não tem nada com a minha vida, e eu poderia ter dito aquilo pra ele mas estava cansada de ver o seu jeito meio cínico. E eu odiava cinismo. Além de que meu pai iria me reprovar por ter sido ( na opinião dele) grossa.  Nate era desaforado,  ele parecia dizer tudo o que pensava sem medir as consequências e aquilo me incomodava porque não preciso de mais alguém pra opinar sobre a minha vida. Naquele final de tarde eu peguei minha aliança que estava guardada em um gaveta no criado mudo,  fiquei a olhando ali, relembrando de tudo novamente e doía tanto,  eu caí em lágrimas de saudades.

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