Capítulo XXXIV

7.8K 647 61
                                    

Era uma manhã de sábado, eu já poderia ouvir o barulho lá fora das pessoas se movimentando para aproveitar o final de semana. Eu aproveitei pra descansar e pensar no Austin.

"Não dá pra descomplicar e todo mundo ficar junto?" - ele escreveu na carta, mas eu sabia que não dava. Eu não conseguia esquecer o que o Nate fez comigo, a forma que ele me "usou", me senti um nada. Eu fui do céu ao inferno em poucos dias. Eu agora só queria paz. Senti meu celular vibrar, peguei ele e vi:

" Ela já está em casa. Advinha onde ela já quer ir? Felizmente sou mais teimoso que ela. Quando quiser, pode vir visitá-la, ela iria gostar e eu também."
- Will

Olhei aquela mensagem e sorrir, ele era uma boa pessoa e eu gostava de conversar com ele. Mas hoje, eu queria ficar em casa, depois eu passaria pra ver como Chloe está.

Levantei depois das 10hrs e fui fazer um café, quando ouvi umas batidas na minha porta. Dei ré na cadeira e fui até lá atender. Meu pai. Abrir mais a porta pra ele entrar, ele entrou e eu fechei a porta.

- Não vim brigar. - disse ele. - Vim pra te pedir desculpas.

- Pai, você já...

- Não, Mels! Eu vim pedir desculpas por tudo que eu te fiz e o que eu não fiz. Vim te pedir perdão por não saber o que fazer quando você sofreu esse acidente. Por não ter entendido que tudo que você queria era que eu te escutasse, que eu te ajudasse e parasse de te julgar. Me perdoe.

- Pai, eu....

- Eu vi o péssimo pai que eu estava sendo. Eu sei que...

- Eu só quero que me deixe voar.

- Então, eu deixo. Mesmo com o meu coração pequeno com medo de que você se machuque. E sobre o Nate, eu estava apavorado, foi uma atitude desesperadora. Eu sei que não tinha o direito de fazer aquilo.

- Não tinha mesmo! Não tinha o direito de mentir, de me magoar, de não acreditar aonde eu posso chegar.

- Eu sei que você pode voar longe. Só não estava preparado para ser agora. Mels... - disse ele ficando de cócoras e depois segurou meu rosto. - Você pode fazer tudo o que você quiser, não acredite em idiotas como o seu pai. Nem todos saberão entender o seu potencial, mas eu... eu quero que você lute e saiba que seu pai entende. Agora ele entende, ouviu? Me perdoe por ter demorado tanto pra entender. Posso te dar um abraço?

- Pode. - eu disse em meio às lágrimas. Ele me abraçou e ficou assim por um longo tempo.

- Você consegue me perdoar? - perguntou ele.

- Perdoar significa voltar pra casa? Eu não vou voltar. Quero viver minha vida, quero ser livre, lutar pelos meus objetivos.

- Eu entendo. Não vou pedir pra que volte, mas se um dia quiser voltar... as portas estarão abertas. Mas você me perdoa pelo o que eu fiz, chamando o Nate e pedindo que ele cuidasse de você?

- Eu... pai, o que você fez foi horrível. Me magoou bastante. Mas acho que isso só me magoou mais porque eu... amava o Nate.

- Eu sei! Eu disse pra ele, eu falei que...

- Mas isso não tira a sua culpa. Eu me senti usada, tudo que eu vivia era uma mentira, tudo o que o Nate me dizia era uma mentira e foi como se eu tivesse perdido o chão.

AlvoradaOnde histórias criam vida. Descubra agora