Capítulo XXIX

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**Nate**

Minha cabeça estava latejando, meu corpo doía como se estivesse levado uma surra.

Antes fosse só isso.

Meu coração estava bem pior, estava aos pedaços, parecia que havia uma espada de gelo perfurando-o sem parar. Deitei na cama, e tentei organizar meus pensamentos. O que eu iria fazer, agora? Não restava mais nada, não havia mais o que fazer. Melinda me odiava.

- O que você fez? - perguntou Austin, invadindo meu quarto aos gritos. Respirei fundo. - Me diz, Nate!

- Estraguei tudo. - eu disse, e percebi que a raiva dele diminuiu ao perceber meu tom de voz, sentou do meu lado e disse:

- Você prometeu, Nate... Você disse...

- Eu sei! Mas estraguei tudo, sempre faço isso, esqueceu? - eu disse, já irritado. Ele permaneceu em silêncio. E eu me arrependi de ter falado daquele jeito, ele só era uma criança!

- Desculpe, Austin. Eu realmente estou com a cabeça pegando fogo.

- É só que... ela não merecia, Nate. A Mels sempre foi muito legal comigo. - disse ele de cabeça baixa. - E, eu não acho que você sempre estraga tudo. Você é idiota, mas não é sempre que você estraga. - ele disse e eu sorrir.

- Não?

- Não, você acertou quando escolheu ela.

- É, acho que sim. Mas agora...

- Quem sabe, depois quando ela se acalmar, tudo se resolva? - disse ele, os olhos brilhando com aquela onda de otimismo, que ele sempre tinha e que faltava em mim.

- É, quem sabe...

****

- Eu não acredito que isso está acontecendo! - gritava o pai de Melinda, andando de um lado para o outro do escritório. - E isso tudo é sua culpa!

- Calma, espera aí. - eu disse levantando da poltrona para encará-lo. - Como assim é minha culpa? Eu disse o tempo todo que isso não daria certo, que ela iria nos odiar quando descubrisse...

- SE ela descobrisse. Ela nunca iria descobrir se você não tivesse inventado essa loucura!

- Eu me apaixonar por ela é loucura?

- Claro que é! E não venha com esse sentimentalismo pro meu lado. Você mais do que ninguém deveria saber que isso nunca daria certo, você só iria magoá-la.

- Eu não acredito que eu tô ouvindo isso! - eu disse passando a mão nos meus cabelos. - Olha aqui, eu nunca magoaria ela e se ela está magoada agora não é só minha culpa. Talvez a culpa seja também do pai dela, que não sabe conversar com a filha, ou melhor não sabe ouvi-lá, não sabe segurar a mão dela, não sabe respeitar e entender o silêncio dela.

- O que você tá querendo dizer com isso?

- Eu tô dizendo que a Melinda só queria ser escutada, ela só queria um apoio pra se reerguer. ELA NUNCA PEDIU PENA DE NINGUÉM, ELA SÓ QUERIA QUE ALGUÉM A COMPREENDESSE! SABE POR QUE ELA FICOU DEPRIMIDA? PORQUE VOCÊ NÃO A APOIOU QUANDO ELA MAIS PRECISOU, VOCÊ NÃO SOUBE ENTENDE-LA! VOCÊ SÓ OLHAVA PRA SI MESMO! - Vociferei, ele permaneceu em silêncio com os olhos inundados de raiva.

- Você não sabe o que tá dizendo! A Melinda é doente, ela precisa de um médico, não de um "namorado".

- Ela não é doente, ela pode fazer o que quiser. O doente aqui é você com esse seu preconceito ridículo. - eu disse e saí da sala, deixando ele lá, com intuído de que ele pensasse melhor. Como ele pôde dizer aquelas coisas tão preconceituosas com a própria filha?

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