- Vejo que alguém aqui não acordou de bom humor hoje. - murmurou Nate, ao me observar pintar bruscamente a tela, jogando as tintas de qualquer jeito com muita raiva.
- Cala a boca! - exclamei e ele sorriu pegando um banco e sentando ao meu lado. Quando acabei a tinta joguei o pincel com força na mesinha.
- Isso que é arte! Bastante... Como posso dizer? Selvagem! - ele disse e eu virei a cara para encará-lo, ele mostrou seu sorriso largo e eu respirei fundo para não perder a paciência e meter um soco no nariz dele. - O que foi? Qual o motivo de tanta fúria?
Eu estava explodindo desde ontem, sentia a raiva passear pelo meu corpo, não sei por que mas acabei falando para o Nate.
- Meu pai! - gritei. Sempre fui à favor da felicidade dele mas como ele pôde agir daquela maneira ontem? Rindo e todo romântico com a Lívia na casa da minha mãe, aquele teatro é ela Nate, é casa dela! Será que em nenhum milésimo de segundo ele pensou nela? - perguntei enfurecida, eu sentia meu rosto quente, provavelmente eu estava vermelha de raiva.
- Primeiro: Vamos manter a calma, você tá quase vencendo a Anne no papel desequilibrada do ano. E segundo: Tenho certeza que seu pai lembrou e lembra da sua mãe, principalmente quando olha pta você, a pessoa que ele mais ama nessa vida. - disse ele passando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. - Mas infelizmente Mels, sua mãe se foi e ele tem o direito de ser feliz. Assim como você também tem.
- Não vamos começar a falar sobre isso, por favor. O que aconteceu foi que me deu ódio vê-lo feliz com outra mulher no teatro da minha mãe, como se ela nunca estivesse existido.
- Isso chama- se ciúmes.
- Cala a boca! - protestei, pegando o pincel e melando seu braço. Eu me sentia mais leve depois de ter falado com o Nate. Ele pegou o pincel da minha mão e sorriu com malícia.
- Nem se atrev...
E antes de eu terminar ele já havia melado minha bochecha , fiquei parada o olhando embasbacada.
- Calma, resolvo isso. - argumentou ele, pegando um pano que Cora havia deixado na mesinha para eu secar os pincéis depois de usá - los ( ordens do meu pai, pintor). - Calmimha! - pediu ele se aproximando com um pouco de receio, ele limpava suavemente meu rosto, como se qualquer movimento fosse quebrá-lo, olhou dentro dos meus olhos, me fazendo me perder naquele rio de águas verdes escuras, isso causou uma pane no meu cérebro, já não pensava em nada , só em como ele era lindo, seus olhos esmeraldas, seu cabelo rebelde, sua boca rosada e carnuda, até os fios da sua barba que teimavam em nascer. Nate tirou o pano do meu rosto, ainda olhando em meus olhos, seu cheiro já estava me deixando desnorteada. Subitamente, Travis surgiu na minha mente, pisquei rapidamente e fui invadida por um sentimento de culpa terrível.
- O que foi? - perguntou ele, ainda próximo de mim, eu empurrei levemente seu peitoral e ele se afastou ainda me olhando com curiosidade.
- Eu preciso descansar.
- Você tá passando mal? - perguntou ele tocando em meu braço, eletrizando todo meu corpo com aquele simples toque.
- Só preciso descansar. - eu disse apenas.
Cheguei no meu quarto com lágrimas correndo no meu rosto, a culpa me consumia. Eu odiava sentir algo ao ver o sorriso largo do Nate, ou por não conseguir ter noção do tempo quando nossos olhares se encontravam. Eu odiava pensar tanto no Nate e ficar nervosa quando ele me encarava, eu odiava também o desejo que eu sentia em vê-lo, em escutar sua voz aveludada, odiava o fato dele sempre conseguir me acalmar dizendo as palavras certas, mas acima de tudo odiei me dwr conta que estava me apaixonando pelo Nate. Chorei de ódio, culpa e medo. Desejei que ele sumisse, afinal eu estava bem antes dele chegar. Ele me bagunça, tumultua tudo o que eu sinto e no meio dessa confusão está Travis. Meu grande amor. Não, eu não iria deixar o Nate acabar com tudo que eu sentia pelo Travis, pois o meu amor por ele era imorredouro. Por que eu não precisava olhar ou tocar no Travis para amá - lo, porque tudo o que eu via ao meu redor era Travis, eu respirava a lembrança dele e pra mim isso sempre bastou. Convenci a mim mesma que aquilo que sentia pelo Nate era efêmero, iria se dissipar logo.
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Alvorada
AcakMelinda é uma jovem amargurada. Sofreu um grave acidente, no qual a fez perder os movimentos das pernas. E se não bastasse isso, neste acidente seu noivo acabou morrendo. Melinda é surpreendida com a chegada do filho do amigo de seu pai, Nate. N...