Capítulo X

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Querido Travis, desde que você se foi eu não conseguia mais sorrir, mas depois algo mudou um pouco. Conheci um garotinho bastante simpático, chamado Austin. Ele é irmão do Nate, o cara que me diz coisas que geralmente as pessoas não falam. O Austin é uma garoto muito especial, ele me faz rir às vezes, me faz esquecer por um tempo a dor que sinto por não te ter aqui. Permaneço em ti, meu amor, penso em você todos os dias, às vezes de madrugada imagino o que teria acontecido se você não tivesse morrido. Seríamos tão felizes! Quando a saudade não cabe no peito eu pego uma foto sua que guardo no criado mudo, fico horas só observando aquela foto, relembrando tudo o que vivemos juntos. O Austin é tão natural, não parece se preocupar em como falar comigo como todos fazem, isso me cativa. Meu pai vai casar novamente, ele disse que dessa vez é sério, você sabe que não tenho problema com isso, eu realmente quero que ele seja feliz e não fique perdendo tempo se preocupando comigo. Foi um dia depois da chegada do Austin, meu pai entrou no quarto carregando um ar de nervosismo consigo.
- Eu preciso falar com você, filha.
- Pois, pode falar.
- Eu conheci alguém faz algum tempo e eu a pedi em casamento. Mas calma! Não quero que você pense que escondi isso de você, eu apenas...eu...Melinda, eu tive medo da sua reação.
- Pai... Você já casou duas vezes depois da mamãe.
- Eu sei, mas tive medo por que agora que você está...
- Inválida? - completei.
- Nessa condição. Eu não sabia como você iria reagir.
- Quer saber minha opinião sincera disso? - perguntei e ele assentiu. - Por mim você pode casar, não me importa. Espero que com isso você pare de me sufocar.
- Eu te sufoco?
- Sim, sufoca.
- Só se for de amor. - disse ele se abaixando e me abraçando, depois deu um beijo em minha testa e sorriu.
Meu pai estava apaixonado, dava pra ver no olhar dele um brilho, o mesmo brilho que eu tinha quando te via. Depois que meu pai saiu do quarto eu senti falta daquele brilho, o brilho dos teus olhos azuis. Eu movi a cadeira pra fechar a janela e vi Nate regando os lírios, como se soubesse que estava o observando ele olhou pra mim, seus olhos estavam extremamente verdes por causa da luminosidade e ele deu aquele sorriso largo. Fechei a janela, fechei os olhos, e me senti morta, talvez por desejar tanto morrer.
Com insônia, Melinda.

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