Às vezes tudo que precisamos é nos entender, ficar um tempo à sós e apenas pensar em silêncio. E foi isso que eu fiz naquela noite, me tranquei no meu quarto e pensei o que estaria acontecendo comigo. Minha cabeça estava confusa, eu havia sentido algo, algo estranho pelo Nate, algo que eu não gostei de sentir. Será que eu estava começando a...
Interrompi o pensamento com medo que se tornasse real, respirei fundo, e então vi a caixa onde eu guardava as cartas que escrevia para o Travis. Meu coração desmontou ao vê-las ali, me senti uma traidora, peguei uma carta e a beijei e entre meus lábios sussurrei: - Eu te amo, nada irá mudar isso.
Deixei algumas lágrimas escaparem,sequei - as rapidamente e decidi afastar o Nate o mais rápido possível de mim. Eu amava o Travis e nem a morte iria mudar isso. Repitir isso pra mim mesma algumas vezes até cair no sono.
No dia seguinte acordei com o sol invadindo o meu quarto.
- Está um dia lindo! Bom dia, Mels. - disse Cora abrindo a janela. - Nem a vi ir pro quarto ontem. Por que você não me chamou para ajudá- la?
- Não precisava. - eu disse dando uma pausa. - Você pode trazer meu café aqui Cora. - pedi e ela piscou os olhos sem entender.
- Como assim? Você não vai..
- Não. - eu disse a cortando.
- Mas por que?
- Por que não quero. - eu disse firmemente, ela franziu o cenho mas depois consentiu.
E foi isso que eu fiz, fiquei no meu quarto, como eu sempre fazia antes do Nate chegar. Eu não queria vê-lo, não queria sentir algo por ele, afinal eu amava o Travis e sempre iria amar. Fiquei a tarde toda remexendo nas minhas coisas, vendo algumas fotos e organizando meu criado mudo. Austin invadiu meu quarto, como sempre correndo, se jogou na minha cama e ficou me observando organizar minhas fotos. Minha cama estava cheia de fotos e Austin observava cada uma.
- Quem é esse? - perguntou ele com curiosidade apontando para uma foto.
- Meu pai. - eu disse pegando a foto, onde meu pai estava muito mais novo em seu carro conversível que eu achava incrível quando era criança.
- Ele era feio. - disse Austin e eu rir da sinceridade dele. Meu pai realmente estava bem melhor agora. - E quem é esse? - perguntou ele novamente pegando uma foto e virando para eu ver.
- Travis. - eu disse sorrindo mas sempre que via aquela foto era como se recebesse um soco no estômago.
- E quem é esse Travis? - perguntou e ainda olhando a foto.
- Meu noivo.
- Seu noivo? - perguntou ele arregalando os olhos e a boca depois fechou rapidamente e continuou: - Não sabia que você tinha noivo.
Nate entrou no meu quarto, olhando ao redor abismado pela bagunça que estava minha cama, continuei organizando fingindo que ele não estava lá.
- Passou algum furacão aqui e eu não sei? - perguntou Nate sentando ao lado do Austin na minha cama.
- Olha só isso Nate. - disse Austin mostrando a foto do meu pai. - É o pai da Melinda. - disse ele sorrindo.
- Achei que fosse o Freddy Krueger. - Nate disse e Austin gargalhou, eu quis rir mas me contive. Austin pegou a foto do Travis e mostrou.
- E esse é o noivo da Melinda. Travis. Hummm. - disse Austin me olhando como se dissesse 'tá namorando' e eu sorrir e rapidamente voltei o meu olhar para organização das fotos. Nate pegou a foto a observou alguns segundos e a devolveu para a milha de fotos. Peguei a mesma e a organizei com as outras.
- Ei Mels, eu trouxe o álbum da nossa família também! - disse Austin.
- Trouxe? - indagou Nate surpreso.
- Sim, sempre que tenho saudades da mamãe eu vejo e quando vou visitá-la mostro pra ela, pra vê se ela melhora. - disse Austin com a voz entristecida, eu levantei meu olhar para vê-lo, Nate passou a mão nos cabelos de Austin e ele disse descendo da cama e correndo: - Vou pegar!
Continuei meu trabalho guardando as fotos dentro de uma caixa, Nate me observava quando disse:
- Você não saiu do quarto hoje.
- Não. - eu disse evitando o olhar diretamente.
- E por que?
- Porque eu quis, sempre fiz isso.
- Não fazia mais.
- Resolvi fazer! - eu disse já sem paciência, o olhando com raiva.
- Ei, calma! - disse ele suavemente e eu me senti uma louca, acho que ele faz isso com as pessoas, se faz de vítima para os outros se sentirem mal. - O que está acontecendo? - perguntou ele quase sussurrando.
- Não está acontecendo nada! - eu disse fechando a caixa no meu colo e a guardando na gaveta do criado mudo. Austin apareceu segurando um álbum, me deu e ficou do meu lado para ver. Eu abrir e a primeira foto era da família deles. A mãe de Nate era a cara do Austin, era loira e de olhos azuis lindos, ela possuía covinhas ao sorrir, era magra e seus cabelos eram ondulados como os do Nate. O pai era mais fechado, por ser tenente eu acho, ele tinha cabelos pretos e seus olhos eram os mesmos do Nate e do Austin.
- A mamãe é linda, não acha? - perguntou Austin.
- Sim, ela é.
Nate observava de longe enquanto Austin ia passando as fotos e me dizia o nome de cada membro da família. Quando o álbum acabou percebi que Nate não estava mais lá, eu disse pro Austin que precisava descansar e ele me deu um beijo e saiu do quarto levando consigo o álbum.
***
Eu estava me preparando pra dormir, quando Nate entrou no meu quarto, revirei os olhos e Cora disse:
- Boa noite, Mels. - disse ela alisando a minha mão e se retirando.
- Você não acha que já está tarde pra vir aqui? - perguntei mais reclamando do que perguntando.
- Nunca é tarde para conversar.
- Pra mim é! - eu disse puxando o cobertor.
-Eu só queria te entender. - disse ele sentando na beira da cama.
- Não perca seu tempo com isso.
- Por que está me tratando assim?
- Assim como? - perguntei arqueando a sobrancelha e ele sorriu.
- Assim mesmo, desse jeito.
- Nate, nunca fomos amigos. - eu disse ríspidamente.
- Acho que quase chegamos perto disso.
- Por que você não finge que eu não existo? É tão mais simples pra você.
- Porque não dá pra ver alguém caindo do penhasco e fingir que não tem ninguém lá, eu não consigo. Me desculpe! - disse ele tocando em meu braço, tentei me afastar e disse:
- Vai embora! - eu disse elevando o meu tom de voz.
- Sinceramente eu não entendo, por mais que eu pense eu não entendo.
- Então não pense mais. - eu disse o fuzilando com os olhos.
- Tem haver com o Travis?
- O que tem ele? - perguntei na defensiva.
- Não sei, quero que você me diga. - ele disse e eu dei de ombros olhando para o vácuo. - Ok, não vou insistir. - ele disse se levantando e depois fechou a porta atrás de si.
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Alvorada
RandomMelinda é uma jovem amargurada. Sofreu um grave acidente, no qual a fez perder os movimentos das pernas. E se não bastasse isso, neste acidente seu noivo acabou morrendo. Melinda é surpreendida com a chegada do filho do amigo de seu pai, Nate. N...