Capítulo XXXVIII

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**Nate**

- Já vai doutorzinho? - perguntou Seu Elias,  dei meia volta e sentei ao seu lado. - Tá preocupado? 

- Tantas coisas juntas.

- Soube que o Austin fugiu, ele tá dando muito trabalho? - perguntou ele e eu sorrir.

- Não, quer dizer o de sempre, você sabe. - eu disse e ele balançou a cabeça, tirou um cigarro do bolso e começou a fumar e eu o reprrendi com um olhar.

- Não me condene, doutor. Também tenho meus problemas. Mas por que o senhor está tão angustiado?

- Melinda. Fui na casa dela ontem e a encontrei com um cara lá. - eu disse ele riu, tossiu e riu novamente.

- Ciúmes. E quem era esse cara?

- Não sei. Isso não importa! O que importa é que.... É que ela tava lá sozinha com ele. Sinto inveja dele.

- Sente?

- Sinto. Ele pode vê-la quando quiser, livremente sabe? Ele pode observá-la enquanto toca, ou quando ela rir. Eu não.

- Tem certeza que não pode? - perguntou ele soltando a fumaça que castigava seus pulmões.

- Não quero arriscar o Austin. Eu sei que quando a Anne disse que eu poderia perder a minha licença, ela estava falando que poderia me denunciar. Eu a conheço, sei do que ela é capaz.

- Ela é doida. Já pensou em encaminhar ela pra algum psiquiatra? - perguntou ele e eu rir.

- Já pedi que ela fosse pra um psicólogo.

- Ela preferiu se consultar com o senhor, não é? Mas sabe, estive pesquisando sobre isso.

- Esteve?

- Sim, eu me importo com o senhor. Somos amigos. - disse ele e eu sorrir. Realmente éramos amigos, acho que talvez o único amigo que eu tinha agora, porque o resto se afastou, pois eu não ía mais pra farra com eles. - Pesquisei e vi que o senhor poderia ter algo com ela depois de dois anos do tratamento.

- Dois anos? Você quer o quê?  Que eu diga: " Ah, Mels, será que você pode esperar dois anos pra a gente puder ficar juntos? "

- É, eu sei. Bastante complicado. Você acha que ela esperaria? É a única saída. - ele disse e eu fiquei em silêncio pensando.

Ele tinha razão, eu já sabia disso, mas eu sabia também que Melinda não ía esperar, não com aquele cara na vida dela. Só esperando pra ser feliz.

- Acho que a perdi.

- Não diga isso, você é tão jovem. Muita coisa pode acontecer ainda.

- Eu vou pra casa, minha cabeça tá à ponto de explodir. - eu disse tocando no ombro dele e indo para o estacionamento.

Entrei no carro e fiquei pensando no que ele disse. Fiquei pensando se ela me esperaria. Acho que não. E também não quero que ela sofra mais, isso seria muito doloroso pra ela. Melinda merecia ser feliz, merecia paz depois de tudo que ela sofreu e eu não tinha esse direito de pedir isso. Mesmo que me faça sofrer.
Cheguei em casa e encontrei Austin no chão com seu caderno de desenho na sala.

- Oi, Nate.  - disse ele, desanimado, o que era bastante estranho. Sentei do seu lado e fiquei vendo ele desenhar, e percebi que ele estava desenhando ele e o papai.

- O que foi, Austin? - perguntei ele sentou-se e amassou o papel, jogando-o do outro lado da sala. - Era o papai?

- Sim! - disse ele praticamente gritando.

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