『1』𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁ℴ 1

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Desde que nos mudamos, não consegui sair muito de casa. Então tudo que eu faço é ficar no sofá assistindo tv o dia inteiro. E para falar a verdade, eu não me importo nem um pouquinho em fazer isso. Estar em um país novo me faz sentir ainda mais preguiçosa, pois pelo menos onde morávamos, eu sabia exatamente onde ir para me distrair. Só de pensar que irei precisar conhecer essa cidade do zero, a minha vontade de sair de casa diminui.

- Ei Jay, você podia ir comigo comprar o remédio da vovó, assim você sai um pouco do sofá - Miguel falou pousando suas mãos em meus ombros.

- Miggy, eu não saio daqui nem arrastada - Debochei com um sorriso bobo no rosto.

Se ele pensa que eu vou sair daqui, ele está enganado.

- Ah é? Será que umas cócegas faria você levantar daí? - provocou, se sentindo desafiado. Ele levou suas mãos até minhas axilas para tentar me atacar com cócegas.

- Miguel Diaz! Não se atreva, eu não tenho mais cinco anos de idade. Tire suas mãos daí já. 

- Vamos ver! - Deu de ombros, ignorando o que eu havia dito.

- Para! Para! - Implorei enquanto ele fazia cócegas na minha barriga.

- Então você vai comigo? - perguntou abrindo um sorriso no rosto e piscando os olhos, tentando me convencer.

- Tá bom, chato! Mas só dessa vez - Acabo cedendo, e indo com ele.

Miguel além de ser meu irmão, é meu melhor amigo. Acredito que nunca confiaria em alguém como confio nele. Não consigo nem negar as coisas a ele, pois sei que ele faria qualquer coisa para me ver feliz. E com certeza eu faria o mesmo por ele, sem pensar duas vezes.

Peguei meu casaco, e saímos para irmos a loja para comprar o remédio. A brisa do vento faz as árvores balançarem, consigo sentir meu nariz ficando avermelhado a cada passo que damos. Miguel não sente tanto frio, eu ao contrário, estou quase morrendo com esse vento gelado.

Nos mudamos a pouco tempo, e como eu disse, nem tive chances o suficiente para conhecer o bairro novo, ou melhor... Nosso país novo. Viemos do Equador, e é muito diferente tudo isso. Falamos inglês fluente, só a nossa yaya (avó) que ainda precisa aprender algumas coisas, mas digamos que ela já é quase fluente também.

Nossa mãe trabalha na área da radiologia, conseguiu um trabalho em um hospital da nossa cidade, então quase não a vemos, pois ela trabalha muito. O meu pai... Nem tenho muito o que falar sobre ele, aquele lá eu já não vejo faz bastante tempo. Sendo sincera, não dou a mínima. Já que ele não se importa com a gente, o problema é dele. Vivemos muito bem sem a companhia daquele filho da mãe que na primeira oportunidade que teve, nos abandonou. Afinal, ele sempre se meteu em merdas e mais merdas, então já era o esperado.

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- Aquele - Um homem que estava na loja que entramos apontou para um pedaço de pizza - Você não vai usar luvas? Você pode colocar isso em um prato? - Perguntou apressado.

Miguel sabia que o atendente também era Latino, então o cumprimentou em Espanhol, e eu fiz o mesmo. O homem que está falando com ele parece se sentir o "dono do pedaço", e dá para perceber que ele é bem grosso. Pela cara que ele está fazendo, creio que não vai demorar muito para ele desistir do pedaço de pizza e sair reclamando.

Pegamos o remédio nas prateleiras do fundo e fomos direto pagar. Espero que tenhamos pegado o remédio certo, Yaya não nos deu muitas instruções sobre, só pegamos o que geralmente nossa mãe compra. Colocamos o produto sobre o balcão para pagarmos, e lá estava o homem, esperando impaciente.

Lost in your ocean eyes - Cobra Kai Onde histórias criam vida. Descubra agora