『37』𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁ℴ 37

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Algumas horas já se passaram, e Miguel já está jantando. Falcão me ajudou a comer e precisou ir embora, agora estou aqui com meu irmão zoando ele por estar fofinho com a roupa do hospital. Sinceramente, foi muito dificil fazer ele esquecer a visão que teve da nossa mãe chorando. Miguel realmente acha que não vai voltar mais a andar, mas eu tenho certeza que irá sim.

Eu também tenho medo de não conseguir lutar mais, ainda não consigo mexer os dedos, não consigo comer, não consigo pentear meus cabelos. Mas tenho esperança, sempre tive, e não será agora que irei perder. Tenho certeza que nós dois sairemos dessa, iremos lutar novamente, e vencer o próximo torneio.

- Eu estou falando sério, você está tão fofinho! - Miggy estava rindo mas mudou sua expressão rapidamente.

Me virei para trás e vi Johnny. E realmente, ele estava parecendo um morador de rua.

- Ah, agora você apareceu - Dou uma risada irônica - Depois desse tempo todo? A gente precisava tanto de você - Desabafo em tom alto.

- Jay, eu posso explicar...

- Não, você não pode - Grito dando um passo para a frente - Porque esse tempo todo você estava enchendo a cara. Eu estou sentindo o cheiro de cachaça daqui. Acha que eu sou idiota?

- Hermana, cálmate. Por favor - Miguel pede educadamente.

Encaro seus olhos castanhos decido fazer o que ele pediu. Me sento em sua cama e seguro sua mão, tenho certeza que essa conversa não será fácil para ele.

- Oi - Johnny diz.

- Oi - Miguel responde.

- Eu... ainda tenho que me infiltrar aqui - Ele confessa se aproximando e mostrando a pulseira de paciente - Peguei isso da última vez.

- O que houve com o seu rosto? - Miguel pergunta preocupado.

- Briguei com o dispenser de papel toalha. E com uns bandidos num desmanche.

- Você parou de usar o colar, Miguel... Ótimo. Proteção é coisa de nerd.

- Claro - Dou uma risada baixa.

- O médico disse para minha mãe que nunca mais posso andar - Miguel confessa cabisbaixo.

- O quê? Não - Johnny pergunta desacreditado - Não tem como saberem disso. Eles não sabem como você é forte.

- Sensei - Meu irmão diz, quase chorando - Fiz o que você me ensinou. Eu tive compaixão. Por que isto aconteceu comigo?

- Eu não sei - Johnny diz com a voz baixa.

- Você não sabe? - Miggy começa a chorar - Confiei em você. Fiz tudo o que você me disse.

- Miguel, eu...

- Olhe para mim - Miguel grita - Saia daqui.

- Por favor, vai embora - Digo sem olhar nos olhos do sensei.

Não consigo dizer isso para ele sem sentir uma pontada no coração. Eu já disse que ele é como um pai para mim, doi falar isso, doi ter gritado com ele. Mas ele precisa sair, pelo bem de Miguel.

- Miguel, você não...

- Saia daqui! - Meu irmao grita novamente - Por favor - Implora aos prantos - Vá embora.

- Calma maninho, por favor - Digo abraçando o mesmo - Eu estou aqui, vai ficar tudo bem. Eu prometo, prometo.

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Miguel já dormiu, apesar de ter sido difícil acalma-lo. Estou no meu quarto, e sim, ainda internada. Apesar de não conseguir mexer no celular, ele está na estante do lado e começou a tocar. Tento pega-lo, como muita dificuldade para atender o número desconhecido que está me ligando.

Lost in your ocean eyes - Cobra Kai Onde histórias criam vida. Descubra agora