O Verdadeiro

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30/10/2001

  Christopher sempre foi uma criança calma. Apenas quietinho e manhoso. Mas, a sensação de que havia algo de errado nele, também sempre esteve lá. Minhas dúvidas começaram a crescer quando ele tinha cinco anos e o peguei conversando sozinho. Chris falava com raiva, de um jeito que nunca tinha visto, como se alguém o irritasse muito. Rapidamente intervi, e ele me respondeu apenas com "Foi ele que começou" apontando para o ar.

  Depois daquele dia passei a me convencer de que Chris possuía um amigo imaginário, e isto era tudo. Outras diversas vezes o peguei falando sozinho com seu amigo.

  De certa maneira, isso não é tão incomum em crianças não é? Todavia, isto não parecia fazer bem ao meu filho. Não era um amigo... Parecia mais um inimigo imaginário, constantemente o atormentando e o deixando irritado.

  Foi com seis anos que voltei a conversar disto com Christopher, e ao questioná-lo sobre quem era essa pessoa com quem conversava, ele me disse que o sujeito se apresentou como "O Verdadeiro". Chris então passou a me contar mais sobre ele.

  O tal ser, era uma criança também e vivia dizendo a Chris que ele não deveria existir. Dizia coisas horríveis a meu filho, que ao ouvir tive certeza de que isto não poderia ser a imaginação dele. Mesmo que eu fosse uma pessoa cética, a resposta para esses eventos havia de ser um espírito o infernizando.

  Eu chamei médiuns, padres e psicólogos... Mas todos falhavam ou diziam não haver nada de incorreto com a criança.

Mas foi em uma certa manhã, que algo terrível aconteceu.

  Ao meu despertar de uma simples manhã de sábado, ouvi os gritos de meu filho. Com o coração pulsando descontroladamente, corri para o local do som. E foi no banheiro que encontrei Christopher fazendo movimentos estranhos, com os olhos cheios de lágrimas, como se houvesse alguém o segurando. E na parede havia um texto escrito em sangue, com o sangue do meu filho.

  Eu sou o verdadeiro, você deveria ter morrido. Criança desgraçada. Eu não vou embora até poder viver neste mundo sem gritos e agonia. Eu sou o original. Eu vou abrir a barriga da mamãe com uma faca. Eu vou nascer apenas pelo prazer de te matar.

Por favor, salvem o meu filho.

Megan Lebloac

Relatos MalditosOnde histórias criam vida. Descubra agora