Me escreva.
Me escreva, Pedro.
Há tanto tempo desde que pegou em minha mão às 15 da tarde na praça... Quando havia lhe pedido cartas. Cartas modestas e melódicas.
Pedro, por que morreu assim?Ontem assisti àquele filme antigo. É lindamente triste como tudo me lembra você. Como a sua voz ainda recita Vinícius de Moraes quando o leio. Como meu perfume me lembra de suas roupas mal passadas. Como tulipas me lembram de sua fria lápide. Céus, Pedro. Mal consigo largar seu nome dos lábios.
Pedro.
Pedro.
Pedro.
Por que em seu nome há tanto gosto de saudade? Ao molhar a boca, degusto ansiedade. E ao descer pela garganta, experimento a angústia.
Céus, Pedro... Não posso te desapegar num brechó qualquer, mas preciso te desfazer feito arco-íris em prisma.
Que não te torne azul.
É a cor que mais me lembra você;
Me escreva, Pedro.
Helen
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Com amor, todo alguém
PoetryUm livro com cartas declarativas sobre si mesmo para todo alguém, poesías inusitadas sobre sonhos e fantasias e textos em prosa variados. Todos de e para pessoas ficcionais - ou não. [Antologia Poética]