Em(trenós)

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Eu não sou o apogeu catastrófico, mas me sinto essa avalanche decrescente que destrói a mim mesma. Não sei o porquê comecei a me decair e a arrastar toda essa neve nefasta. Em meio a tanto movimento e de tantos rodas, me vejo estagnada, no centro de tudo isso, isolada da destruição e até inconsciente; como se minha vida me privasse da tragédia, mas também do fausto.

Às vezes me pergunto se eu era neve. Tenho de ter sido neve a priori. Não nasci espalhafatosa como esqui, ou acho que não quero ter de aceitar minha origem como desastrosa.

Barto me encontrou agonizando ao chão mês passado, como se eu estivesse ao efeito de alucinógenos e sussurrando piedade enquanto arranhava meus braços. Tenho estado confusa desde então e envergonhada ao estar em sua companhia. Barto e nem ninguém deveria me ver naquele estado febril e enlouquecedor. Ninguém deveria me visitar após todo o ocorrido.

Me distanciei de minha mãe há um mês e comi macarrão em suas diversas facetas desde então, porque costumava a me deixar para cima, mas temo tê-lo condenado à similaridade de apatia e socorro.

Como posso dizer às minhas pernas para pararem de correr se sempre estiveram encolhidas e abraçadas por mim mesma. Essa avalanche já me levou o cachecol e o vislumbre de paz, se é que algum dia já foi mais que macarrão com queijo. Essa avalanche não vai se desfazer porque me mantém isolada do frio, apesar de ela me assumir a principal causa do inverno. Mas me pergunto se era eu naquele esqui ou apenas outra alucinação vaga de uma hora atrás. Com certeza Barto iria me visitar. Meu Deus, estou tão perdida...

Com amor, todo alguémOnde histórias criam vida. Descubra agora