Hipnose e feitiço

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⚠️Alerta: drogas!⚠️

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Sérgio

Acordei caindo de cara no chão. Em um chão peludo e fofo e até então desconhecido. Abri os olhos e percebi que eu estava na sala de Andrés e havia caído de seu sofá em cima de seu tapete felpudo provavelmente mais caro de que todos meus órgãos juntos. Se bem que, parando para pensar bem, com o tanto que eu bebia, meus órgãos não estavam valendo lá essas coisas.

Sacudi minha cabeça me livrando da piada bizarra e autodepreciativa que acabara de fazer provavelmente fruto da convivência com Andrés. Minha cabeça doeu tanto que eu ainda me surpreendia em como eu esquecia dessa dor toda vez que virava sem dó um copo de whisky. Me levantei um pouco tonto e me equilibrei - ou tentei - um pouco na parede de sua sala.

De repente, talvez por conta do movimento ligeiro que eu havia feito, senti um enjôo absurdo e corri para o banheiro. Senti que colocaria todos os meus órgãos para fora. Um gosto terrível que fazia arder e amargar minha garganta junto ao arrependimento por beber como se não houvesse amanhã, já que pelo visto, havia. Ouvi passos bem atrás de mim e supus que fosse meu amigo. Ouvi em seguida seus passos continuarem até a sala de jantar. A casa de Andrés era muito luxuosa e talvez a única que eu conhecesse que ainda havia um cômodo destinado apenas para fazer as refeições.

Me levantei e lavei minha boca e rosto. Em seguida fui ao encontro de Andrés. Ele estava sentado na enorme mesa que havia naquela sala com um copo de café e o celular em mãos. Muito puto e tentando fazer que ignorava a minha presença exatamente igual das outras vezes que ele me salvava de alguma merda enquanto eu estava totalmente embriagado. E eu não aguentava mais passar por aquilo e muito menos fazer com que meu amigo passasse. Não aguentava mais me sujeitar a este tipo de coisa.

— Me desculpe, Andrés — Disse me sentando ao seu lado.

— Eu pensei que dessa vez fosse dar certo, Sérgio. Eu realmente acreditei em você dessa vez. E isso porque você estava o quê? Pouco mais de uma semana sem beber? — Ele disse muito bravo, e eu não tirava sua razão.

— Eu também acreditei, Andrés... Eu também acreditei... — Bufei levando minhas mãos até meu rosto.

— Eu te segui até a pista de Nero. Você estava com uma quantia enorme de dinheiro e apostaria o que sobrasse do seu carro e a grana em um racha, e isso tudo na porra do estado em que você estava, Sérgio! Porra! Você só pode estar ficando louco! — Ele ia contando e aos poucos eu ia me lembrando. — O seu carro está novinho e você não conseguia dar dois passos sem tombar. Eu juro que da próximo eu deixo você se foder naquela merda e que se foda!

Ele cuspiu aquelas palavras com fúria. E eu mal sabia o que dizê-lo, eu estava completamente errado em tudo. Conforme Andrés ia mencionando os fatos eu ia recordando vagamente de tudo. Mesmo muito chapado, eu não conseguia parar de pensar em Raquel. Sua imagem não saía de minha cabeça um só minuto. E tal como faço quando estou sóbrio e tão fudido que tenho a sensação de que não sou capaz de sentir absolutamente nada, pego meu carro e vou até a pista de corrida para tentar fazer com que a adrenalina me fizesse sentir minimamente vivo novamente.

— Ah! E eu não sei o que você fez com Raquel. — Ele disse seu nome e meu coração acelerou dolorosamente. — Mas eu vi você a levando do bar com tanta brutalidade e arrastá-la para dentro do seu escritório que quase fui atrás de vocês. Além disso, ela saiu de lá com pressa e Helsink me disse que ela quase mata Verônica na saída da boate.

My fatal paradiseOnde histórias criam vida. Descubra agora