De volta ao jogo

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Sérgio

{Howling at the moon - D fine us}

Estacionei o carro no estacionamento do cassino Templários. Um dos cassinos mais luxuosos e bem frequentados de Madri. Pertencia à irmandade havia, literalmente, séculos. Debochei do nome em pensamento. Acho que a instinto foi o único estabelecimento que conseguiu fugir dos nomes ridículos que a irmandade titulava seus negócios com um carisma idiota de cavalharias, e isso, claro, foi ideia minha, que pensei ser burrice colocar nomes que seguiam esses padrões por conta de fins investigativos legais.

A entrada do local tinha tanto jogo de luz e brilho que ardiam meus olhos tamanha poluição visual. Tocava uma música instrumental alegre e havia uma grande movimentação de pessoas mesmo que fosse um dia comum e pacato de semana. Entrei com minha entrada vip naquele lugar carregado de energias ruins para onde as pessoas vão em dias de semanas não para se divertirem, mas sim porque provavelmente estão viciadas em jogos de azar. Tamayo estava ali naquela noite mesmo que eu o havia aconselhado a não vagar por aí sem um motivo sólido já que a irmandade estava sendo atacada e a sua cabeça estava em jogo.

Mal entrei no local e fugi dos cumprimentos e conversas vazias de um e outro conhecido e já o avistei. Sentado a mesa do bar com um homem, ambos vestindo trajes de gala enquanto eu vestia roupas casuais. Não que isso me importasse, principalmente agora. Me aproximei melhor e vi que o homem que estava junto a ele era Arhtur Róman. Uma certa raiva me subiu ao lembrar do que ele havia feito com Daniel. Continuei me aproximando até chegar bem perto deles, fazendo notar minha presença.

— Sérgio! Você por aqui! — Disse Tamayo apoiando o copo de whisky de volta ao balcão antes de se virar sobre o banco em minha direção.

Aproveitei para encarar Arthur Róman, que me dirigia um sorriso falso. Ele sabia muito bem que eu estava ciente do que havia acontecido com Daniel e Mônica.

— Sente-se conosco! Artur estava me contando sobre a cantora nova da boate que tem atraído os clientes, acho que vou voltar a frequentar a instinto com mais frequência... — Ele me olhou malicioso e eu apertei os punhos com ódio. — Mas eu disse a ele que ela já tem dono, não é mesmo? — Ele me deu uma leve cotovelada, soltou uma gargalhada nojenta que foi espelhada por Arthur, voltando-se para dar mais um gole em seu whisky.

Fingi um sorriso. Muito mal fingido por sinal, mas eu estava cagando caso eles percebessem meu descontentamento quanto falar de Raquel daquela forma, eu estava prestes a deixar as coisas bem claras para Tamayo e ele nunca mais ousaria falar da minha mulher daquele jeito.

— Tamayo, preciso conversar com você. — Soltei. Ríspido e sério.

Ele me olhou um pouco curioso e um tanto quanto preocupado também eu diria.

— Sim, claro. — Arthur entendeu que ele já não era mais bem-vindo alí e pediu licença para retirar-se, ficando apenas alguns bancos atrás junto a outro homem.

Me sentei no lugar de Arthur e pedi uma água ao garçom, percebendo o olhar torto de estranhamento de Tamayo quando o fiz, já que eu costumava beber muito e sempre.

— E então? — Ele iniciou.

Pigarreei. E só então, na hora de lançar definitivamente minha proposta, que percebi que eu estava bastante nervoso.

— E então que... Bom, que eu estive pensando sobre aquele assunto.

Ele abriu um sorriso de orelha a orelha e me olhou com brilho nos olhos.

— Eu sabia que você não iria me deixar sozinho nessa, Sérgio. No fundo, eu sabia! — Gargalhou e me deu dois tapas no ombro como se fosse um pai orgulhoso de seu filho. — Anda, vamos descer um Chivas para comemorar!

My fatal paradiseOnde histórias criam vida. Descubra agora