Muitas vidas para viver

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— Não atirem! Isso é uma ordem! Não atirem! — Disse um dos líderes ao telefone para seus seguranças do lado de fora do prédio tendo o cano de uma pistola roçando contra os cabelos.

— Não atirem em ninguém! Ouviram? Fiquem parados! — Nairóbi apontava para a cabeça de outro líder enquanto ele ditava a regra clara ao telefone.

Alguns outros integrantes da resistência pediam aos demais líderes que também ordenassem para que não atirassem em ninguém que saísse pelos fundos do palácio. Enquanto isso, Sérgio descia a escadaria com pressa levando em seus braços um alguém que havia se tornado algo imenso em sua vida, quem ele jamais esperava ver naquela situação. O seu bem mais precioso agora cada vez mais pálida e desnorteada junto ao seu peito. O ferimento jorrava um sangue vívido e quente que contrastava macabramente com o piso de mármore branco e límpido da enorme escadaria. Seguido dele, Helsinki levava Andrés cada vez mais inconsciente em seus braços. 

Martín e Alícia seguiam os dois com a nada costumeira sensação de que poderiam perder seus iguais a qualquer momento. Martín ultrapassou na frente de todos para que chegasse primeiro à saída onde guardas famintos os esperariam e foi chamado atenção por Sérgio e Mirko.

— Palermo! — Sérgio o chamou.

— Está tudo bem, apenas venham no meu sinal! — Ele intimou aos amigos que apenas assentiram temerosos.

Ele encheu o peito de ar e toda coragem que sabia que detinha e saiu de mãos ao alto até o lado de fora do portão principal do palácio. Os demais amigos suspiraram de alívio quando não ouviram sequer um tiro e logo Palermo os indicou que corressem. 

Helsinki sabia que de algo serviria o seu carro de oito lugares cujos bancos adicionais haviam sido retirados, e assim os dois feridos e todos os 6 couberam dentro do carro. Sérgio passou pela porta com Raquel nos braços, seguido de Helsinki com Andrés. Alícia tinha uma arma e as duas mãos ao alto, olhou os seguranças os demonstrando que não reagiria enquanto os via sedentos de descarregarem todas suas armas nela e nos amigos. 

Helsinki a gritou para que entrasse e a ruiva finalmente saiu dos olhares dos seguranças e entrou no carro. Alícia tateou o teto do veículo para que pudesse ligar a luz da parte de trás. Quando conseguiu, seus olhos captaram cenas que ela jamais se esqueceria, por mais que vivesse por mil anos.

Andrés já estava desacordado. Totalmente inconsciente nos braços de Helsinki. Sua melhor amiga perdia tanto sangue que ela mal podia acreditar. Ainda que depois de tantas missões juntas onde elas já haviam se ferido, aquilo era de longe assustador demais. 

— Segure aqui! Pressione e mantenha a calma! — Marselha aconselhou a Sérgio enquanto o instruia a pressionar um pano fortemente contra o peito de uma Raquel cada vez mais pálida em seus braços.

Marselha se arrastou até onde estavam Helsink e Andrés para verificá-lo. Chamou pelo amigo diversas vezes e não obteve resposta alguma. Tomou seu antebraço em mãos e buscou por seu pulso, fazendo o mesmo na lateral de seu pescoço.

Nenhuma resposta. 

Marselha fechou os olhos com força absorvendo a informação com certo pânico e só então entendeu porque não era aconselhável que médicos tratassem de pessoas as quais possuem laços afetivos. Virou-se para Alícia sem saber como dizê-la. 

— Alícia… Andrés me pediu ordem não ressuscitar… Eu sentir muito mas… — Ele dizia quando Alícia o interrompeu.

— Que merda você está falando? Está me dizendo que não pode fazer nada? Não! Marselha, por favor! — Ela o pediu agora segurando o rosto do médico.

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⏰ Última atualização: Sep 07, 2021 ⏰

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