Alessandra - Capítulo 3

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Outono de 2000.

Sempre acordei tarde.

Nunca fui uma criança como a maioria que acordavam cedo para ir à escola ou simplesmente para assistir à programação matinal voltada para o público infantil na época. Eu não fazia parte de nenhum desses grupos por simplesmente dormir tarde. Não conseguia acordar cedo, não que eu não me deitava cedo, muito pelo contrário. Eu me deitava cedo mais não conseguia dormir. Ficava até tarde aguardando meu pai chegar do trabalho pois, era somente nesse horário que meus irmãos e eu conseguíamos vê-lo, abraça-lo e sentir seu cheiro tão familiar. O único dia em que passávamos todos juntos era aos domingos.

Papai nunca fumou, mas, por fazer uso do transporte público, trem e metrô lotado e ficar parado nas estações – naquela época não havia restrições para área de fumantes e não fumantes– onde as pessoas ficavam todos aglomerados em um mesmo lugar então, ele sempre chegava em casa com cheiro de cigarro impregnado em suas roupas misturado com o cheiro de sua pele e seu perfume. Nada absurdo! Aquilo tornava o seu cheiro familiar e único tanto pra mim como para meus irmãos e minha mãe. Quantas vezes pegava suas roupas e ficava cheirando só para ter a lembrança dele. O seu cheiro era sua marca registrada e nós adorávamos.

Papai sempre foi um homem trabalhador, ele trabalhava como gerente de uma loja de móveis no centro São Paulo na tão famosa Avenida Paulista. Papai estudou, fez faculdade de administração e, mesmo com tudo indo contra ele conseguiu se formar depois de casado. Ele nos conta que foi bem difícil pois as condições eram ruins, pois além de nos sustentar ele mandava dinheiro para meus avós, seus pais. Nunca consegui vê-lo sair de casa para ir trabalhar, mas o via chegar e isso para mim era maravilhoso!

Me chamo Alessandra segunda filha do casal Ferreira tenho doze anos. Tenho três irmãos, Aurora é a mais velha, ela nasceu cinco anos antes de mim, depois eu e três anos depois meus irmãos gêmeos Alexandre e Antônia que são a alegria da casa. Pensa em duas pessoas totalmente diferente uma da outra mesmo tendo compartilhado o ventre por oito meses, pois é são meus irmãos. Antônia é elétrica, bem humorada, estudiosa, esforçada enfim ela é nosso amorzinho, não que Alexandre não seja, mas Antônia é nossa florzinha. Já Alexandre é mais sério um pouco cético, mas muito amoroso e carinhoso. Quando os gêmeos nasceram, eles ficaram mais de dois meses hospitalizados por serem prematuros e porque mamãe tive diabetes durante a gestação e isso os afetou bastante. Ambos tiveram dificuldades para respirar e foi bem grave. Papai esteve na sala de parto e nos disse depois que quando os gêmeos foram retirados da barriga de mamãe, eles estavam azulados devido à falta de oxigênio no sangue. Ele disse que foi bem apavorante. Não me lembro de nada, pois na época tinha apenas três anos, já Aurora tinha oito anos e lembra de muita coisa. Eu sempre digo que ela tem memória de elefante. Por esta razão nossos irmãos mais novos são nossos xodós, sempre que podemos estamos mimando, Aurora e eu é claro. Meus pais são os melhores nunca nos tratou diferente mesmo meus irmãos tendo sofrido, somos todos iguais perante eles e eu os amo por isso!

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