Alessandra - Capítulo 53

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Pai, pode ser que daqui algum tempo

Haja tempo pra gente ser mais

Muito mais que dois grandes amigos

Pai e filho talvez?

Pai, pode ser que daí você sinta

Qualquer coisa entre esses vinte ou trinta

Longos anos em busca de paz.

Pai, pode crer eu 'tô bem, eu vou indo

'Tô tentando vivendo e pedindo

Com loucura pra você renascer...

Renascer...

Essa palavra traz consigo tanta força que quando leio, ouço ou digo meu coração se enche de esperança. Esperança de ver que essa palavra se tornasse uma realidade na vida do meu pai.

Ah, como eu queria, de todo meu coração!

Essa era minha vontade, o meu sonho, o meu profundo desejo de que ele renascesse.

Crescesse de novo.

Rebrotasse.

Voltasse a vida.

A música do Fábio Júnior me faz lembrar de como eu queria que as coisas voltassem a ser como eram, na época em que meus irmãos e eu éramos apenas crianças e que papai era sim nosso amigo, nosso herói, nosso tudo.

Quando papai foi levado para a clínica de reabilitação, eu não quis vê-lo, sentia-me magoada demais, por ele ter me trocado por uma quantia em dinheiro, por um pagamento, mas com o tempo eu pude ver que o mal que ele fez se transformou em bem. Então, aquele sentimento ruim foi se dissipando e eu já imaginava como seria contar a ele toda minha história e como ele se alegraria comigo.

Lembro-me de quando mamãe e eu fomos atrás de um lugar, uma clínica, um consultório médico que fosse, mas que ajudasse meu velho pai com seus vícios em jogos de azar e bebidas, mas para minha infelicidade e vergonha, ele simplesmente ignorou nossos esforços em conseguir um tratamento eficaz.

E agora, sentada ao seu lado dentro desse carro pude comprovar mais uma vez a quão patética eu fui em acreditar que ele aceitaria o que lhe foi imposto quando ele aceitou que Teóphilo saldasse sua dívida. Sei que mamãe me dizia como ele estava reagindo, que ele dizia que não mudaria nada sua vida ao sair de dentro do lugar.

Eu tinha fé nele, eu acreditava que era só uma fase e que ele entenderia, compreenderia que ele precisa de ajuda. Nunca imaginei que eu o veria aqui em São Paulo, com um sorriso doentio nos lábios, com seus olhos brilhosos cheio de uma malícia que nunca vi antes, algo beirando a loucura e isso me assusta.

Não me veja.Onde histórias criam vida. Descubra agora