Teóphilo
Dias atuais.
Escuto um farfalhar de lençóis sobre a cama, abro os olhos e a visão que tenho é de minha esposa sentada do lado oposto inclinada. Com certeza está a procura de seu chinelo. Ainda deitado estendo minha mão e toco suas costas quentes coberta por um tecido de seda macio.
– Onde você pensa que vai senhora Salazar? – Ela vira seu rosto e vejo um sorriso simples em seus lábios.
– Vou ao banheiro, acho que depois vou à cozinha beber água, estou com a garganta seca. – Ela se joga de lado e toca seus lábios com os meus em um beijo singelo. – Quer que eu traga uma garrafinha para você? – Meneio a cabeça.
– Não precisa. – Toco seu rosto. – Só não quero que demore, senão terei que descer e ir buscar presa em meus braços. – Ela sorri.
– Eu adoraria ser resgatada por você. – Seu olhar amoroso preenche tudo a minha volta e isso me acalenta e me faz ver que estamos bem, ela está bem. Alessandra se endireita e sai da cama para fazer o que pretendia.
Mexo-me ficando de barriga para cima, olho para o teto e fico lembrando de tudo o que aconteceu conosco.
**
Dois meses atrás.
Vou recobrando a consciência e devagar, vou abrindo meus olhos, viro minha cabeça e observo tudo à minha volta. Estou dentro de uma ambulância, vejo um jovem mexendo em um soro pendurado, olho em meu braço e vejo que estou recebendo a medicação administrada através de uma punção venosa. Ouço muitas vozes, inclino a cabeça para frente e vejo Alessandra, Bárbara, Paulo e Erick do lado de fora.
– Ele acordou novamente. – O jovem diz.
Respiro fundo e sinto um arrepio subir em minha coluna.
Expiro.
Ouço uma movimentação e uma voz doce ao meu lado me faz ter certeza de que estou no lugar certo, seu toque me deixa ainda mais arrepiado e isso me faz sorrir.
Reconhecimento.
– Espero que esteja sorrindo para mim. – Ela diz, abro minhas pálpebras e olho para o lado e os olhos negros e brilhantes de Alessandra me fitam com amor.
Ela toca minha mão e eu sorrio por poder senti-la novamente.
– Com certeza meus sorrisos serão sempre para você. – Ela se inclina e deixa um beijo carinho em meus lábios, um selinho demorado.
– Como você está? Fiquei assustada quando o vi em estado de choque. Achei que o perderia hoje. – Seus olhos marejam e um sorriso triste toma seus lábios.
– Você ainda terá muitos anos para me aguentar senhora Salazar. – Toco seu rosto bonito e ela se aconchega em minha palma como uma gata a procura de carinho. – Eu senti sua falta. – Seus olhos marejam e um pequeno sorriso surge.
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Não me veja.
RomansaVocê já amou perdidamente uma pessoa sem ao menos vê-la? Amar é acreditar sem ver. É sentir, mas sem tocar. Marco Teles. Postagem iniciada 16/01/21. Término das postagens: 02/04/22. *******************************************************************...