Alessandra - Capítulo 36

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Sinto minha cabeça pesada, como se estivesse carregando um tonelada sobre ela

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Sinto minha cabeça pesada, como se estivesse carregando um tonelada sobre ela. Obro meus olhos e vejo que estou na sala da casa de vovô. Ouço vozes, mas não consigo discernir o que falam.

Torno a fechar os olhos, inspiro e expiro fortemente. Além de minha cabeça, meu corpo dói, meus músculos e articulações parece que estão desgrudando de meus ossos e não me movo, tenho medo de movimentar e as dores piorarem, então continuo deitada no sofá.

Meus pensamentos estão agitados e como um raio uma cena toma meus pensamentos. Vejo Marcos meu "ex-marido" em frente a casa de vovó, suas palavras de afronta me atingem com força, meu ventre se contorce e uma ira sobe em meu peito me fazendo chorar de puro ódio.

– ... Todos esses anos longe e você continua a mesma porca nojenta de sempre. – Ouço a voz de Marcos dizendo estas palavras e torno a vivenciar toda dor que eu sentia ao ouvi-lo me depreciando, me colocando abaixo que coco do cavalo do bandido.

Como eu pude deixar que isso se estendesse por tantos anos?

Como eu não desconfiei que Marcos era um carrasco, um manipulador, um ladrão de sonhos e de felicidades?

No começo de nosso relacionamento, ele se mostrou um homem bom, trabalhador e que me amava, mas com o decorrer dos anos ele revelou sua verdadeira identidade, Marcos era um lobo em pele de cordeiro e, mais uma vez seu insulto me fez ir a lona.

Eu aceitava as agressões como sendo algo natural, que ele apenas falava as coisas por me amar, como ele dizia sempre, ou porque queria meu bem. Meu psicológico foi duramente maltratado, eu era um nada, um ser inútil e não acreditava mais em mim mesmo e, com isso minha autoestima foi anulada. Eu era a pessoa submissa que recebia ordens, que vivia aguentando suas reclamações com relação a tudo desde a limpeza da casa ao sabor da comida.

Marcos tirou tanto de mim.

Minha liberdade.

Minha família.

Meu amor-próprio.

Foi em nome de nosso amor que eu tolerava as coisas que eu não deveria tolerar. Foi em nome de nosso amor que eu passei três anos aceitando as situações inaceitáveis para ao final de tudo ver que tudo a meu redor estava muito errado.

Eu não me conhecia mais, eu não era mais eu.

Alessandra Ferreira era uma marionete que vivia para agradar e nunca receber nada em troca. Fui uma das muitas mulheres que são vítimas de gaslihting que é o abuso psicológico usados por seus maridos ou companheiros, fui vítima do homem que deveria ser meu amigo, meu marido e meu amante. Marcos foi meu agressor e mesmo depois de anos distante suas palavras ainda me ferem e me deixam à mercê dele. Para muitas pessoas que sofrem desse abuso é difícil notar pois é tudo muito sutil e de difícil compreensão.

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