𝑃𝑟𝑜𝑙𝑜𝑔𝑜

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Você consegue ouvir o silêncio?
Você consegue ver a escuridão?
Você consegue restaurar o que foi destruído?
Você consegue sentir meu coração?

Bring me the horizon

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10 de junho de 1998

Cambridge - Inglaterra.

Estava difícil respirar dentro do espaço praticamente minúsculo, a respiração entrecortada, as lágrimas silenciosas caindo constantemente por seu rosto pequeno e frágil. O horário não se sabia ao certo, porém, era tarde, muito tarde quando a criança acordou assustada ao ouvir um estrondo no andar inferior, vozes se misturavam uma nas outras, quase não se podia entender com clareza, pois quem quer que fossem, estavam nervosos e alterados.

O garotinho pulou de sua cama e se escondeu dentro do armário, por ser pequeno, coube perfeitamente naquele espaço, se é que pode chamar aquilo de espaço ou esconderijo. As pequenas mãos estavam sob os ouvidos ao primeiro soar de tiros dentro da casa, o medo o deixou trêmulo e com vontade imensa de gritar por socorro, entretanto, caso o fizesse morreria também, e o menino não queria isso.

Dante estava encolhido dentro do armário, ouvindo tiros, gritos e súplicas que ele conseguiu discernir como seus pais, irmãs e avós, todos moravam em uma casa pequena e humilde na cidade de Cambridge, levavam uma vida tranquila, sem muito luxo, eles não tinham nada de valor. Porque estão atacando sua casa?. Pensou Dante. Os tiros cessaram rapidamente, os barulhos de vidro e móveis foram quebrados, passaram, apenas restou o vazio, e o medo que escorria junto ao suor no rosto do pequeno garotinho assustado.

E tudo isso, toda a sua vida que ainda mal começou, já seria marcada por uma tragédia e uma dor tão profunda que com certeza levaria isso por toda sua vida.

Dante abriu as portas de seu armário e saiu devagar, tomando cuidado para não ser ouvido, entre um passo e outro, o mesmo foi até a porta de seu quarto e a abriu com o máximo de cuidado possível, o contato com a maçaneta gélida causou um leve choque em seu corpo o fazendo quase desistir de sair dali. O corredor estava destruído, o garotinho tentou normalizar a respiração e o coração para ouvir algo ou alguém, mas o silêncio ainda presidia no ambiente caótico, parecía que había tipo uma guerra ali, andando em destroços, com os pés descalços, Dante chegou a escada, e a quantidade de sangue que viu ali o deixou desesperado, o coração martelando no peito e o choro vindo sem cessar.

Sua família toda estavam jogados em direções opostas da casa, o mundo pareceu parar para a criança, a visão infernal que estava tendo custou para sua mente assimilar que tudo ali era real, que não era fruto de sua imaginação, que não era um pesadelo. Era real.

Mesmo atordoado, Dante procurou o telefone, os dedos estavam unidos devido às lágrimas e tremendo tanto que quase não conseguia segurar o telefone, discou o número da emergência e a todo momento olhando e implorando para que os assassinos tenham ido embora.

—Polícia, qual é a emergência? —disse uma voz feminina do outro lado da linha.

—Preciso de ajuda. — respondeu a criança com a voz tão seca e áspera que sua garganta queimava.

—Qual o seu nome ?

—Me-meu no-nome é Dante. Por favor me ajuda. —implorou o garotinho aos sussurros.

—Qual sua idade Dante? —voltou a perguntar a mulher.

—Te-tenho oito anos.

—O que aconteceu ?

—Tem muito sangue. Minha família toda está morta. Venham rápido.

—A polícia já está a caminho Dante. Me diga. Onde você está ?

—Estou na sala, escondido. —respondeu o pequeno.

—Não saia daí tudo bem?

—Ta bem. Vou ficar aqui quietinho. Não demorem por favor.

—Fique na linha Dante.

A polícia chegou em menos de vinte minutos, os oficiais anunciaram a chegada e Dante saiu de seu suposto esconderijo e correu até os oficiais chorando desesperadamente. Muitas perguntas haviam saído feitas a criança que estava tão traumatizada que não conseguia sentir bem o chão sob seus pés. A casa foi isolada e Dante foi levado a delegacia onde ficou até o amanhecer.

O pequeno recusou todas as tentativas de fazê-lo comer alguma coisa, ou falar sobre algo que pudesse ajudar as autoridades a descobrir quem foi o autor daquele massacre. Por não ter família além daqueles que haviam sido mortos, Dante foi levado para um abrigo, onde ficou por cerca de um ano e meio antes de ser adotado por uma família, o mesmo não fez perguntas e tampouco ouviu explicações daqueles que o acolheram.

Sua nova casa não era na Inglaterra, seu primeiro nome foi mantido mas o sobrenome foi mudado, e a partir desse momento, mesmo com pouca idade para entender como o mundo funciona, Dante sentiu em seus ossos o peso que tudo isso iria lhe trazer, pois mesmo estando em um ambiente totalmente novo e estranho, a criança sabia que sofrer não chegaria nem perto do que estaria por vir.

Suas lembranças eram sempre as mesmas, o luto permanece, o medo constante sempre a espreita, e o pequeno não tem ideia do que o futuro lhe reservava.

Mas uma coisa é certa.

Dante adentrou o Inferno.

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