𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 57

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Eu navegaria pelo mundo
Remando do crepúsculo até o amanhecer
Até o lugar em que nós pertencemos

RINI

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Dessa vez não era Millenna num leito. E sim, Pietro. 

O levaram com tanta pressa que não deu espaço para Dante ou sua esposa falar nada, apenas observar com os lumes opacos o corredor pálido com cheiro pungente de álcool misturado a produtos de limpeza. — a luminosidade era ainda mais incômoda, desde que chegaram, não obtiveram respostas, os batimentos cardíacos do ex loiro era tão baixa que assustava, dava para sentir o clima frígido, como se a morte estivesse pairando sobre suas cabeças, esperando o momento exato para ceifar a vida do homem que está tão debilitado. 

Grecco não via nada além de Pietro, Millenna não estava diferente, a exaustão era notória, porém, nada era tão importante quanto o amor de suas vidas ali, apagado por sedativos. Próximo das oito da manhã uma médica cujo nome não quiseram saber, adentrou o quarto segurando uma prancheta.

— Buongiorno Signor e Signora Greco. ( Bom dia senhor e senhora Grecco) — a voz calma e acolhedora trouxe ansiedade aos dois que logo ficaram de pé. 

— Qual é o quadro dele? — o moreno questiona quase como uma súplica.

— Felizmente é estável. — ambos suspiraram em alívio. — Entretanto seus ferimentos são graves, Pietro perdeu muito sangue e ficou muito exposto ao frio, precisava de uma transfusão e ficar em observação, ao que parece os ferimentos causados foram por objetos enferrujados. — Dante cerrou o punho e trincou o maxilar. — Não fiquem desesperados, ele irá melhorar com o tempo, é um homem forte, pois outro em seu estado não sobreviveria, isso eu garanto. 

— Obrigada por nos acalmar com essas notícias. — Millenna diz pela primeira vez. 

— É o meu trabalho. — os lumes castanhos da médica pareciam querer dizer algo, e visto pela postura totalmente ereta, os dois ali presentes esperaram. — Pensei muito em perguntar o que houve com o paciente, mas se fosse para eu saber já teriam me dito. Então, vou me encarregar de que ele melhore rápido. Só peço que vão a delegacia, mesmo que eu não vá perguntar, pelo estado acho que o departamento precisa saber. 

— Não precisam. Eu mesmo vou cuidar disso, senhorita. — o timbre rouco do moreno quase fez a mulher tremer e recuar. 

— Tudo bem. Por ora, deixem-no descansar, imagino que precisem se cuidarem também. 

A médica por fim saiu, Dante olhou novamente para Pietro e depois para sua esposa. 

— Não podemos deixá-lo sozinho. — murmurou cansado. 

— Vá primeiro. Tome um banho, coma alguma coisa, eu fico aqui com ele. 

— Tem certeza? 

— Tenho amor. Vá, é melhor que se livre desse sangue todo na camisa. 

Dante concordou mesmo querendo discordar, selou seus lábios nos da morena e antes de ir, fez o mesmo com Pietro, prometendo voltar o mais rápido possível. 

As horas seguintes foram silenciosas, Millenna estava sentada na mesma poltrona desde que Dante saiu, as mãos tremiam e as lembranças do que havia feito a Irina começou a assombrá-la. Ainda que fosse o certo, os princípios que antes não tinha a julgavam com ferro e brasa; a dor de cabeça a fez franzir o cenho, forçando a pensar em qualquer coisa que não fosse aquilo. 

AMOR ENTRE CORRENTES Onde histórias criam vida. Descubra agora