AMOR ENTRE CORRENTES

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 55

Abra seus pulmões e inspire minhas palavras
Vejo nos seus olhos um reflexo de dano
O livro na sua mente não chegou ao fim
Há sempre uma página que não foi lida

Ghost - Jacob Lee

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O sol surgia lentamente no horizonte. A moto foi deixada no mesmo lugar, a noite toda foi exaustivo, Millenna estava completamente esgotada emocionalmente, caminhando sem fazer o mínimo de ruído, caminhou até as escadas, onde subiu degrau por degrau, apoiando-se no corrimão, a canhota estava manchada de sangue, assim como a destra também estava; a maior parte conseguiu se livrar, ainda sim, havia resquícios. O silêncio era esmagador, o quarto que divide com Dante e Pietro estava perto, temendo que o moreno estivesse acordado, a morena tomou a liberdade de usar o mais próximo, que é tão grande quanto o outro. — a mochila fora deixada em cima da cama, como se estivesse funcionando no modo automático, com os lumes encarando um ponto cego no imenso cômodo de cores claras, Millenna tirou peça por peça, deixando as roupas caírem ao seus pés, já despida, encarou as mãos sujas de sangue, o frio se instalou por seu corpo, deixando-a arrepiada, flashes dos acontecimentos anteriores findou-se em sua mente como uma lembrança fixa, como se fosse para lembrá-la do que havia feito. 

O anexo estava a vista, a morena rumou até o banheiro, ligando o chuveiro e por alguns segundos, encarou a água caindo forte, o vapor preenchendo o box transparente, sem mais delongas, se pôs debaixo da água quente e convidativa. — jamais pensara que poderia ter culhões para cometer tal atrocidade, se parasse para pensar em como tudo havia mudado, poderia ter uma onda dolorosa de crise, e não era isso que queria.

A água descia pelo ralo, a transparência foi preenchida de vermelho, Millenna não percebia que estava sorrindo, muito menos quando começou a chorar baixinho, tremendo e segurando tudo o máximo que podia. Não iria desmoronar. Não agora. 

Não hoje. 

O banho fora rápido, a mulher saiu do box ajeitando a toalha branca e felpuda ao redor do corpo, ao abrir a porta, encontrou Dante ali, parado, de braços cruzados e uma expressão indecifrável. Era frígido, inexpressivo e sombrio. — nenhuma palavra foi dita pelo mais velho,  Millenna engoliu em seco e passou por seu marido, não se incomodando com sua nudez, retirou a toalha para se enxugar melhor. 

— Sei onde esteve. — ditou sem prévias. — Não falará nada? — incitou. 

— O que quer saber ? 

Grecco a puxou com calma, para olhar melhor nos olhos da mulher por quem é apaixonado, e ali, pode ver a dor, a culpa e principalmente a escuridão que rodeava como se o desafiasse a tentar algo. 

— Piccola. — a palavra não passou de um mero sussurro. — O que você fez? — perguntou, e desta vez, deixou claro o quão preocupado e apavorado estava. 

— Não disse que sabia onde eu estava? — retrucou um pouco áspera.

— Disse que sei onde esteve, não o que esteve fazendo lá. — os lumes azuis estavam mais claros, lembravam tanto as águas das ilhas Maldivas. Um de seus muitos sonhos era conhecer este lugar. — Per favore, amore mio. Não me esconda. Preciso saber para poder proteger você melhor. 

A morena apenas concordou com um menear de cabeça, pediu apenas alguns minutos para se vestir, Dante saiu do quarto, Millenna imaginou que talvez esteja na cozinha, preparando o café da manhã. 

Em instantes, a morena adentrou a imensa cozinha, tudo era da mesma cor dos outros ambientes e a área externa, um tom fosco de preto, era lindo. Millenna via a personalidade de Dante em cada canto daquela casa enorme. — Grecco estava sem camisa, a luz do sol iluminava o local, por alguns segundos a mulher se perdeu ao encarar as costas largas, musculosas e repletas de tatuagens de seu marido; de fato, era um dos homens mais lindos que já vira, diante a tal fato, o coração apertou de saudades do Pietro. Imaginar a situação em que ele está lhe faziam querer queimar tudo e todos. Precisava do homem, Dante também. Sem Bianchi, eles não eram completos, apenas peças que precisavam de seu encaixe que se perdeu em meio a tantos outros.