AMOR ENTRE CORRENTES

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 15

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𝑀𝑖𝑙𝑙𝑒𝑛𝑛𝑎 𝐴𝑙𝑏𝑢𝑞𝑢𝑒𝑟𝑞𝑢𝑒

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O grande evento havia chego. A noite em que eu seria pedida em casamento diante de todos, e o mínimo pensamento a respeito já me deixou irritada e indisposta assim que presenciei a noite se esvaindo com leves filetes claros entre o céu ainda escuro. 

A madrugada, ou melhor o início dela trouxe imensos arrependimentos, até porque após ter um lapso de razão, me afastei dos dois homens que estavam agarrados a mim, me fazendo ter sensações que há muito tempo estivera um tanto adormecidas—acabei cedendo, e agradeci internamente por interromper o que mais poderia ter nos levados diante a música alta, e pensamentos um pouco distorcidos devido a uma quantidade pequena de álcool. A volta para casa foi em total silêncio, me mantive distante, mentalmente e fisicamente; após chegarmos a imensa propriedade de Dante, sai sem ao menos desejar boa noite, ou agradecer pelo fim dela, caminhei diretamente para o quarto que me foi designado e a tranquei sentindo a culpa pesar quase uma tonelada. 

Admito que foi bom, isso não pude negar, e caso tentasse seria falho. Dante e Pietro são homens lindos, altos, fortes, que exalavam um poder sobrenatural, quase como uns malditos demônios sexuais do qual você não consegue se livrar, ao menos não com a sanidade e a dignidade intacta. 

Flashes de seus corpos musculosos rentes ao meu, o cheiro de ambos se mesclavam entre o amadeirado e o doce como duas fragrâncias se fundindo, os lábios quentes e molhados do loiro em meu pescoço, traçando uma linha imaginária, causando-me arrepios e frios intensos, enquanto o moreno tatuado apertava minha cintura e mordiscava o lóbulo da minha orelha esquerda né fazendo tombar a cabeça sob o ombro de Pietro e permitindo ali os avanços sensuais, repletos de desejo e ânsia pelo que deveria ter sido uma pegação entre nós em uma das cabines do banheiro que a julgar pelo estabelecimento, era unissex.

Só de voltar a memorizar tudo em seus mínimos detalhes, meu corpo aquecia, minha respiração pesava e a excitação tomava níveis extremos. Precisava me lembrar do que me trouxe aqui, não podia cair nas tentações e colocar tudo a perder, Dante pode ser um pouco impulsivo mas ao menos um de nós três precisava manter os pés firmes no chão e saber o momento exato de parar. 

Tomei a liberdade de encher a banheira enorme, depositei sais de banho e o que mais encontrei para me fazer relaxar,  enquanto a banheira enchia, me despi e fitei meu reflexo diante o imenso espelho na parede. A saudade bateu sem que ao menos eu percebesse, —sinto falta do meu apartamento que havia tão poucos móveis, falta da minha vida tão repleta de problemas, e principalmente, sentia falta de minha melhor amiga. A mulher que me ajudou em tudo o que podia, me aconselhava e me abraçava pacientemente enquanto despejava minhas frustrações para si. 

Era uma vida difícil. Vencer na vida era algo complicado. Para pessoas pobres como eu, qualquer oportunidade de trabalho era bem vindo, cada centavo contava, compras em abundância não existiam, tudo tinha que ser acordado para que houvesse comida e água quente. Olhando ao redor, observando o luxo do quarto, do banheiro que era tão grande, onde cada item custava uma fortuna, era desconfortável, não conseguia me aproveitar do que não era meu, e isso não é pecado certo? O acordo, as palavras de Dante, a proteção que ele me traz junto a seu consigliere, isso era o único gesto no qual eu sinto conforto e gratidão. Só isso, e nada mais. 

A banheira já estava cheia, desliguei a torneira, o vapor da água junto aos sais de banho com cheiro doce e convidativo, sem mais delongas, adentrei, deixando meu corpo totalmente submerso, encostei a cabeça na parede e fechei meus olhos.